“É humano sentir raiva, faz parte de nossa evolução atual, mas devemos nos esforçar para esquecê-la. Não devemos alimentá-la nos lembrando dela, nem remoendo acontecimentos passados, porque a raiva causa uma grande inquietude interior em nossos corações, principalmente em nossa família e nossos amigos. Somos as primeiras vítimas de nossa própria raiva. Ela nos queima por dentro, tirando nossa paz; obscurece nossos pensamentos, distorce nossas percepções.
A raiva acumulada, guarda um pouco aqui e ali, nos prejudica muito e nos afasta de Deus. As pessoas pensam que alguém ou algo lhes provoca raiva, mas essa raiva já existe dentro de nós, é criada e mantida por nós. Se você sente raiva, não pode culpar ninguém a não ser você mesmo. É necessário aprender a lidar com a raiva e nos livrar de seus efeitos maléficos, tanto físicos, mentais e espirituais, que Ela nos provoca. Como é inerente a nós ainda, é importante quando sentimos raiva perguntar a nós mesmos o que queremos desta situação, para onde isto pode nos levar?
Isto cria uma mudança mental em nosso foco e nos acorda. E em vez de ficarmos presos na raiva, nós a analisaremos. Então, podemos perguntar a nós mesmos de que outra maneira podemos conseguir nos libertar. E podemos perceber que ideias alternativas surgem na mente e isso melhora nossa autoestima, reduz a frustração e diminui a raiva.
Existem pessoas que gostam de ficar com raiva. Acham que até aliviam as tensões, mas depois se culpam e lutam para se libertarem disso. Ajudaria muito se elas entendessem que mesmo que pudessem sentir alívio no momento, colocando pra fora tudo que sentiam, isto não funciona. A melhor saída para sair desta situação, é tomar um copo de água, respirar algumas vezes profundamente, e lembrar-se de Deus pela oração, e pelo evangelho.
Todos os nossos defeitos internos, alimentam uns aos outros e se estamos presos no orgulho e na vaidade, é mais difícil libertar-se da raiva. A humildade e a ponderação nos ajudam a testemunhar o que está acontecendo dentro de nós, dando-nos força para mudarmos.
A raiva acumulada desde a infância, por exemplo, gera a depressão que tira a alegria de viver. Hoje em dia muitos médicos receitam remédios para depressão que podem até aliviar um pouco os sintomas, mas enquanto a pessoa não for na causa verdadeira da depressão, ela vai ficar sempre dependente, triste e angustiada, pois depressão é uma doença da alma, da raiva e do ódio que cultivamos, além das inúmeras outras doenças físicas que tem como origem a raiva, o ódio e assim por diante.
Porém não podemos nos libertar da raiva simplesmente suprimindo-a. É necessário cultivar os antídotos da raiva: a Tolerância, Paciência e o Perdão. Para ficarmos livres desse inimigo interno tão destrutivo que surge de uma mente insatisfeita e descontente, é essencial gerar o contentamento interior, a gratidão e o entusiasmo; cultivar a bondade, a benevolência e a caridade. Isto vai produzindo serenidade mental que impede a raiva de se manifestar.
Somente com o Perdão podemos abandonar os sentimentos negativos associados aos acontecimentos vividos, nos livrando das sensações de ressentimentos e raiva.”
Monsenhor André Sampaio
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