Catolicismo de maneira inclusiva

Categoria: Opinião (Página 9 de 14)

Mãe: o infinito em três letras

“Mãe! São três letras apenas
As desse nome bendito:
Três letrinhas, nada mais…
E nelas cabe o Infinito
E palavra tão pequena
– confessam mesmo os ateus –
É do tamanho do Céu!
E apenas menor que Deus…” (Mario Quintana, Mãe).

No Dia das Mães, somos convidados a refletir sobre a importância dessa figura em nossas vidas, inspirados pelo poema “Mãe”, de Mario Quintana. Através de suas palavras, somos lembrados de que, em apenas três letras, cabe o infinito amor e a imensidão do universo.

Mães são seres que transcendem a compreensão humana, pois carregam em si a capacidade de amar incondicionalmente, de se doar sem limites e de serem a força motriz que nos impulsiona a seguir em frente. Mesmo os que não acreditam em divindades reconhecem a grandiosidade do amor materno, tão vasto quanto o céu e apenas menor que Deus.

Neste dia especial, é importante refletir sobre o papel das mães em nossas vidas e agradecer por tudo o que elas fazem por nós. Elas são nossas primeiras professoras, nossas confidentes e nossas protetoras. São elas que nos ensinam a enfrentar os desafios da vida com coragem e determinação, e que nos mostram o verdadeiro significado do amor.

As mães são a personificação do amor e da dedicação, e é por isso que devemos honrá-las e celebrá-las não apenas neste dia, mas em todos os momentos de nossas vidas. Afinal, o amor de uma mãe é um presente que nos acompanha desde o nosso primeiro suspiro e que nos guia ao longo de toda a nossa existência.

Então, neste Dia das Mães, vamos nos inspirar no poema de Mario Quintana e expressar nossa gratidão e amor por essas mulheres incríveis que nos deram a vida e nos ensinaram a viver. Vamos celebrar o infinito que cabe em apenas três letras: Mãe.

Mauro Nascimento

O perigo da pregação baseada no medo e na culpa 

“[…] Digo-vos sinceramente que receio a rigidez, tenho medo. Fuja dos sacerdotes rígidos! Eles Mordem. Vem-me ao pensamento aquela expressão de santo Ambrósio, do século IV: «Onde há misericórdia há o espírito do Senhor; onde há rigidez há apenas os seus ministros». O ministro sem o Senhor torna-se rígido, e este é um perigo para o povo de Deus. Pastores, não funcionários” (Papa Francisco, 20/11/2015).

Desde os tempos mais remotos, o papel dos líderes religiosos tem sido fundamental na formação das sociedades e na orientação espiritual das pessoas. Ao longo dos séculos, esses líderes têm desempenhado um papel crucial na transmissão de valores e crenças, e, muitas vezes, na promoção da paz e da harmonia entre os povos.

No entanto, nem todos os líderes religiosos têm desempenhado esse papel de forma saudável e construtiva. Infelizmente, existem aqueles que se aproveitam de sua posição para impor suas crenças e valores, muitas vezes com base no medo e na intimidação.

Um exemplo disso são os padres que enxergam pecados em tudo e que, mais do que isso, acusam e ameaçam os fiéis com o inferno caso não cumpram certos mandamentos ou regras. Esse tipo de pregação é extremamente danosa, pois se baseia no medo, na culpa e na vergonha, e não na misericórdia e no amor que Deus nos ensina.

É importante lembrar que, segundo as Escrituras, Deus é sumamente bom e infinitamente misericordioso. Ele não nos criou para nos punir, mas sim para nos amar e nos guiar em nossa jornada espiritual. Por isso, a ideia de um Deus que exige sacrifícios ou castigos é uma distorção da verdadeira natureza divina.

Infelizmente, essa visão distorcida de Deus tem sido usada ao longo da história para justificar todo tipo de violência e opressão, desde as Cruzadas medievais até a Inquisição espanhola. Hoje, ela ainda persiste em certas correntes religiosas que pregam a exclusão e a intolerância em nome da “verdadeira fé”.

Diante disso, é preciso ter muito cuidado com os líderes religiosos que se baseiam no medo e na intimidação para impor suas crenças. É importante lembrar que, em última análise, somos todos responsáveis por nossa própria jornada espiritual, e que ninguém pode nos dizer o que é certo ou errado em termos absolutos.

Portanto, ao escolher um líder espiritual, é importante buscar aqueles que promovam a compaixão, a misericórdia e o amor incondicional, em vez do medo e da culpa. Somente assim poderemos encontrar o verdadeiro caminho para a paz interior e para uma relação autêntica com o divino.

Mauro Nascimento

Escolhas que fazem a diferença: um convite à reflexão sobre nossas decisões na construção de uma sociedade melhor

“Deus não enviou seu filho ao mundo para condenar. A condenação se dá nas escolhas que nós fazemos quando nós negamos a presença de Deus na história, quando as escolhas sociais, econômicas, políticas e religiosas não são de vida, mas de morte. Quando as escolhas são a partir do lucro e não a partir da partilha e da vida com dignidade” (Padre Julio Lancellotti).

O ser humano tem o poder de escolher e decidir a direção de sua vida, tanto no âmbito pessoal quanto no coletivo. No entanto, muitas vezes essas escolhas são guiadas por interesses egoístas, levando à exclusão e à opressão de outros seres humanos.

O pensamento do Padre Julio Lancellotti nos leva a refletir sobre a importância de nossas escolhas e suas consequências na construção de uma sociedade justa e solidária. Ao dizer que Deus não enviou seu filho ao mundo para condenar, ele nos mostra que o amor e a misericórdia de Deus são a base de toda a criação e que a condenação é resultado de nossas escolhas equivocadas.

Muitas vezes, em nome do lucro e do poder, tomamos decisões que ferem a dignidade humana, desrespeitam os direitos dos mais vulneráveis e prejudicam a natureza. Essas escolhas, feitas a partir de uma perspectiva individualista e egoísta, geram um ciclo vicioso de exclusão, violência e desigualdade.

Por outro lado, quando nossas escolhas são pautadas pelo amor, pela solidariedade e pela busca por justiça social, somos capazes de construir uma sociedade mais justa e igualitária. Escolher a vida, a partilha e a dignidade é escolher a presença de Deus na história humana.

Cabe a cada um de nós refletir sobre nossas escolhas e suas consequências. Precisamos nos questionar se estamos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e solidária ou se estamos fortalecendo um sistema opressor e excludente. Somente assim poderemos fazer escolhas mais conscientes e responsáveis, a partir de um olhar que enxergue o outro como um irmão e a natureza como uma criação divina a ser preservada e cuidada.

Mauro Nascimento

 

O Verbo que se faz presente: a complementaridade entre Platão e Cristo na visão de Agostinho via Bento XVI

A citação de Agostinho (por Bento XVI), “Com os platônicos aprendi que ‘no princípio era o Verbo’. Com os cristãos aprendi ‘o Verbo se fez carne’. E apenas assim o Verbo chegou também a mim”, é um convite à reflexão sobre a inter-relação entre duas perspectivas aparentemente distintas. Para Agostinho, não se trata de contrapor essas duas linhas de pensamento, mas sim de entender como elas se complementam.

Ao afirmar que “no princípio era o Verbo”, Agostinho está se referindo à filosofia platônica, que entende a existência do mundo material como uma mera sombra do mundo das ideias. Nessa perspectiva, o Verbo é a ideia primordial, a causa primeira de tudo o que existe. Essa concepção é bastante abstrata e metafísica, e pode parecer distante da realidade concreta em que vivemos.

Por outro lado, quando Agostinho diz que “o Verbo se fez carne”, ele está se referindo à mensagem central do cristianismo, que afirma que Deus se encarnou em Jesus Cristo para salvar a humanidade. Essa perspectiva é muito mais concreta e palpável, pois se relaciona diretamente com a experiência humana. No entanto, ela pode parecer limitada e pouco ambiciosa do ponto de vista filosófico.

O que Agostinho nos convida a refletir é justamente a inter-relação entre essas duas perspectivas. Ele nos mostra que, ao mesmo tempo em que a filosofia platônica pode parecer abstrata e distante, ela é fundamental para entendermos o sentido mais profundo da existência. Por outro lado, a mensagem cristã nos ensina que Deus não é uma ideia distante e inacessível, mas sim uma presença concreta e amorosa em nossa vida.

Ao entendermos a inter-relação entre essas duas perspectivas, podemos perceber como o Verbo pode chegar até nós de maneiras diferentes e complementares. Podemos encontrar o sentido da vida tanto na contemplação das ideias mais elevadas, como na experiência do amor divino encarnado em Jesus Cristo. Essa é a grande mensagem de Agostinho, que fascinou o Papa Bento XVI e continua a inspirar muitas pessoas até hoje.

Em suma, para Agostinho não era essencial a contraposição dessas duas linhas, mas a inter-relação entre as duas perspectivas.

Mauro Nascimento

Referência:

RATZINGER, Joseph (Bento XVI) e SEEWALD, Peter. O Último Testamento de Bento XVI: Minha Vida no Vaticano. Editora Planeta do Brasil, 2016.

“Nunca foi um bom exemplo, mas era gente fina”: homenagem a Rita Lee

O mundo da música perdeu uma de suas mais icônicas e irreverentes artistas, Rita Lee. Ela deixou uma marca indelével na história da música brasileira e, mesmo depois de sua morte, sua obra e legado continuarão a inspirar e influenciar gerações de músicos.

Rita Lee nasceu em São Paulo, em 1947, e desde jovem demonstrou um talento excepcional para a música. Com sua voz potente e sua personalidade forte, ela conquistou o público brasileiro e se tornou uma das artistas mais queridas e admiradas do país.

Mas não foi apenas sua música que fez de Rita Lee uma figura tão especial. Ela era também uma defensora ardente da liberdade de expressão, da diversidade e da igualdade, e usava sua posição de destaque para lutar por essas causas.

Ela expressou o desejo de que seu epitáfio dissesse: “Nunca foi um bom exemplo, mas era gente fina“. Essa frase revela muito sobre a personalidade singular e autêntica dela. Ela sempre recusou-se a seguir as normas impostas pela sociedade e optou por trilhar seu próprio caminho, mesmo que isso significasse ser incompreendida ou alvo de críticas.

Ao longo de sua carreira, Rita Lee produziu uma obra impressionante e multifacetada, que incluiu desde o rock psicodélico dos Mutantes até o pop dançante dos anos 80 e 90. Suas letras inteligentes e bem-humoradas fizeram dela uma das melhores compositoras brasileiras de todos os tempos, e suas performances enérgicas e irreverentes conquistaram legiões de fãs em todo o país.

Mas o legado de Rita Lee vai muito além de sua música. Ela foi uma pioneira em muitos sentidos, abrindo caminho para outras mulheres na indústria da música e se tornando um símbolo de resistência e empoderamento.

Hoje, ao lembrarmos de Rita Lee e de tudo o que ela representou, é impossível não sentir uma mistura de tristeza e gratidão. Tristeza pela sua partida precoce, mas gratidão por tudo o que ela nos deixou: uma música vibrante, uma personalidade forte e uma mensagem de coragem e liberdade que continuará a inspirar muitas gerações de artistas e fãs. Que sua memória e legado sejam sempre lembrados e celebrados.

Mauro Nascimento

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Por Mauro Nascimento