Catolicismo de maneira inclusiva

Autor: Katholikos (Página 81 de 167)

01 de outubro – Santa Teresa do Menino Jesus, virgem carmelita, doutora da Igreja, padroeira das Missões

Santa Teresa do Menino Jesus, virgem carmelita, doutora da Igreja, padroeira das Missões (Joachim Schäfer – Ökumenisches Heiligenlexikon)

Salvar as almas

Thérèse Françoise Marie Martin nasceu em Alençon, em 2 de janeiro de 1873, de um casal de ourives, muito católicos, “dignos mais do céu do que da terra”, como Terezinha os definia. Ele era a última de oito filhos, três dos quais morreram quando crianças. Aos quatro anos, ficando órfã de mãe, reviveu o drama do abandono, por causa da entrada progressiva de quatro de suas irmãs para o Carmelo. No entanto, recebia o carinho especial do seu pai, que a chamava “pequena rainha da França e de Navarra”, como também “a pequena órfã de Beresina”.

Por sua vez, ela também entra para o Carmelo de Lisieux, com apenas quinze anos, por especial autorização do Papa Leão XIII, após ter ido suplicá-lo em Roma: “Você vai entrar, se Deus quiser”, foi a resposta do Pontífice.

O desejo da jovem era “salvar as almas” e, sobretudo, “rezar para ajudar os sacerdotes”. Na hora de fazer a profissão dos votos religiosos ela recebeu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.

A pedido da Superiora, Terezinha começou, imediatamente, a escrever um diário, no qual fez algumas anotações sobre as etapas da sua vida interior. Em 1895, escreveu: “No dia 9 de junho, festa da Santíssima Trindade, recebi a graça de entender, mais do que nunca, quanto Jesus quer ser amado!”.

Pequeno Caminho

Na França, no final do século XIX, difundia-se o pensamento positivista, impulsionado por grandes invenções e apoiado por ideias anticlericais e ateístas.

Por isso, a elaboração de uma espiritualidade muito original, por parte de Teresa, também chamada “teologia do Pequeno Caminho” ou “da Infância Espiritual”, assume particular importância; trata-se de uma espiritualidade, cuja pratica do amor a Deus não se baseava em grandes ações, mas em pequenos atos diários, aparentemente insignificantes.

Em sua autobiografia, Santa Teresa escreve: “Há somente uma coisa a ser feita: oferecer a Jesus as flores dos pequenos sacrifícios”. E, ainda: “Quero transmitir as pequenas ações que consegui fazer”.

Na sua elaboração original, o Diário tem um subtítulo: “História primaveril de uma florzinha branca”. No entanto, sob um aparente romanticismo, se oculta, na verdade, um caminho árduo rumo à santidade, marcado por uma forte resposta ao amor de Deus pelo homem.

Incompreendida pelas coirmãs do Carmelo, Teresa declara ter recebido “mais espinhos que rosas”, mas aceitava com paciência as injustiças e as perseguições, como também as dores e os sofrimentos da sua doença, oferecendo tudo “pelas necessidades da Igreja”, “lançar rosas sobre todos, justos e pecadores”.

Para João Paulo II e Bento XVI, a exclusividade da sua espiritualidade era a total abertura à invasão do amor de Deus, a capacidade de responder a este amor também nas “noites” do espírito: neste sentido, era irmã dos pecadores, dos distantes, dos ateus, dos desesperados; eis porque foi declarada Padroeira dos missionários.

Morte e acontecimentos da “História de uma alma”

Após nove anos de vida religiosa, Teresa morre, com apenas 24 anos de idade, em 3º de setembro de 1897, acometida por tuberculose. Em 1923, foi beatificada pelo Papa Pio XI, que a considerava a “estrela do seu Pontificado” e, logo a seguir, canonizada em 1925.

Nos anos 50, no século passado, o abade André Combes, – teólogo no “Institut Catholique”, na Sorbonne de Paris, e na Universidade Lateranense, em Roma, – descobriu as manipulações feitas, em boa fé, no Diário de Teresa, pelas suas próprias coirmãs, que a consideravam a pequena de casa; a doutrina espiritual e teologal da “Infância Espiritual” não se limitavam, apenas, em um princípio psicológico e sentimental, composto só de pequenas coisas. O coração da sua espiritualidade consistia mais na consciência de que o homem, mesmo na sua pequenez, acaba sendo divinizado pela Graça. Desta forma, Teresa responde aos “mestres suspeitosos”, como Feuerbach, Marx, Freud, Nietzsche. O homem-criatura, que se deixa divinizar pela invasão do amor de Deus, não é, absolutamente, “alheado”. A Cristologia e Antropologia caminham, portanto, de pari passu: Teresa antecipa, de quase um século, alguns textos do Concílio Vaticano II, de Paulo VI, e, em particular, alguns trechos da “Caritas in veritate” de Bento XVI.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 27 set. 2023

30 de setembro – São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja

São Jerônimo, 1440 ca. (© MET)

O nome completo deste Santo é Sofrônio Eusébio Jerônimo. Sua cidade natal é Estridão, atual Croácia. Não se sabe a data exata do seu nascimento, mas deve ser por volta de 347. De família cristã e rica, Jerônimo recebeu uma sólida educação e, ajudado pelos seus pais, completou os estudos em Roma. Ali, deu-se à vida mundana, deixando-se levar pelos prazeres. Porém, logo se arrependeu, recebeu o Batismo e seguiu a vida contemplativa. Transferiu-se para Aquileia, onde passou a fazer parte de uma comunidade de ascetas. Algum tempo depois, deixou a comunidade, decepcionado pelas inimizades surgidas naquele ambiente. Partiu para o Oriente, deteve-se em Tréveris, retornou a Estridão e partiu novamente. Permaneceu alguns anos em Antioquia, onde aperfeiçoou seus conhecimentos em língua grega; depois, se retirou como eremita para o deserto de Cálcis, ao sul de Alepo. Por quatro anos, dedicou-se totalmente ao estudo, aprendeu o hebraico e transcreveu os códigos e escritos dos Padres da Igreja. Foram anos de meditação, solidão e intensa leitura da Palavra de Deus, que o levaram a refletir sobre a disparidade entre a mentalidade pagã e a vida cristã. Decepcionado pelas diatribes dos anacoretas, provocadas pela doutrina ariana, retornou a Antioquia, onde foi ordenado sacerdote, em 379. A seguir, mudou-se para Constantinopla, onde continuou a estudar grego, sob a orientação de São Gregório Nazianzeno.

Secretário pessoal do Papa Dâmaso

Em 382, Jerônimo foi a Roma para participar de um encontro, convocado pelo Papa Dâmaso, sobre o cisma de Antioquia. Conhecido pela sua fama de asceta e erudito, o Pontífice o escolheu como Secretário pessoal e Conselheiro. Assim, o convidou para fazer uma nova tradução dos textos bíblicos em latim. Na Urbe, Jerônimo também criou um círculo bíblico, do qual participaram matronas da nobreza romana, que queriam aprofundar o estudo das Escrituras, desejosas de seguir o caminho da perfeição cristã e praticar a Palavra de Deus. Por isso, escolheram Jerônimo como mestre e diretor espiritual. Porém, seu rigor moral não era compartilhado pelo clero e suas regras, sugeridas às suas discípulas, eram consideradas muito severas. Jerônimo não era bem visto por muitos, por causa da sua divergência e temperamento agressivo, como também por condenar vícios e hipocrisias; muitas vezes, era até polêmico com sábios e eruditos. Por isso, depois da morte do Papa Dâmaso, decidiu voltar para o Oriente. Em agosto de 385, embarcou em Óstia com destino à Terra Santa, acompanhado por alguns de seus monges e um grupo de seguidores, inclusive a nobre Paula com sua filha Eustóquia. Começou, assim, sua peregrinação, que o levou ao Egito e, depois, a Belém, onde abriu uma escola, oferecendo seus ensinamentos gratuitamente. Graças à generosidade de Paula, foram construídos dois mosteiros, um masculino e um feminino, e uma hospedagem para viajantes, que visitavam os lugares santos.

Retiro em Belém

Jerônimo passou o resto da sua vida em Belém, onde sempre se dedicou à Palavra de Deus, à defesa da fé, ao ensino da cultura clássica e cristã e ao acolhimento dos peregrinos. Faleceu em sua cela, nas proximidades da Gruta da Natividade, em 30 de setembro, provavelmente no ano 420. Este santo homem, impetuoso e, muitas vezes, polêmico e divergente, era odiado, mas também muito querido. Não era fácil dialogar com ele, porém deu uma contribuição ao Cristianismo, com seu testemunho de vida e seus numerosos escritos. Com efeito, deve-se a ele a primeira tradução da Bíblia para o latim, chamada Vulgata: traduziu os Evangelhos do grego e o Antigo Testamento do hebraico; ainda hoje, a Vulgata, embora revisada, é o texto oficial da Igreja de língua latina. A Palavra de Deus, que ele tanto estudou e interpretou, também foi “vivida concretamente”, disse Bento XVI, que dedicou duas catequeses a Jerônimo, nas Audiências gerais de 7 e 14 de novembro de 2007.

Seus ensinamentos e obras

O que podemos aprender de São Jerônimo? Parece-me, sobretudo, o seguinte: “Amar a Palavra de Deus na Sagrada Escritura; é importante, hoje, que os cristãos vivam em contato e em diálogo pessoal com a Palavra de Deus, que nos foi dada pela Sagrada Escritura… esta Palavra também constrói comunidades, que constituem a Igreja. Logo, devemos lê-la em comunhão com a Igreja viva”. São Jerônimo é um dos quatro Padres da Igreja Ocidental – além dos Santos Ambrósio, Agostinho e Gregório Magno -, proclamado Doutor da Igreja, em 1567, por Pio V. Ainda hoje, podemos contar com seus comentários, homilias, epístolas, tratados, obras historiográficas e hagiográficas, entre as quais sua famosa “De Viris Illustribus”: biografias de 135 autores, de maioria cristã, mas também de judeus e pagãos; isso demonstra quanto a cultura cristã era “uma verdadeira cultura, digna de ser comparada com a clássica”. Não podemos esquecer também a sua obra “Chronicon” – uma tradução e reelaboração em latim daquela obra do grego, perdida por Eusébio de Cesareia – sobre a narração da história universal, entre dados reais e mitos, desde o nascimento de Abraão até o ano 325. Enfim, suas muitas Epístolas, ricas de ensinamentos e cuidadosos conselhos, que revelam sua profunda espiritualidade.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 25 set. 2023.

30 de setembro – Monsenhor André Sampaio

“Muitos são os pecados capitais que carregamos conosco no linear da nossa peregrinação terrestre, e uma delas é a vaidade, que nos põe como donos da verdade e da sabedoria. Nossa vaidade nos faz presunçosos e orgulhosos pois nos caracteriza como um ser prepotente e arrogante. A vaidade não nos deixa crescer, nem nos tornarmos melhores, visto que nos indica como sendo superiores aos demais. Ser vaidoso nos conduz a uma falsa situação de superioridade acima dos outros com os quais convivemos. A vaidade faz com que nos tornemos frios e insensíveis aos problemas do mundo ou nos utilizemos dele para atrair mais holofotes. O vaidoso necessita aparecer a todo custo. A vaidade é um obstáculo poderoso a felicidade, e a humildade nos conduz a situações melhores.”

Monsenhor André Sampaio

29 de setembro – São Miguel Arcanjo

São Miguel Arcanjo (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

“À medida que nos aproximávamos daquele grupo, comecei a ouvir o coro: “Maria, intercedei por nós”, como também “Miguel”, “Pedro” e “Todos os Santos”” (Purgatório, 49-51).

Estes são os versículos do Purgatório de Dante, no Canto XIII. O Poeta vagueia comovido entre as almas dos invejosos, enquanto a área do círculo, onde se desenvolve a cena, é invadida por vozes misteriosas, que recordam exemplos de caridade. Das sombras atormentadas também se elevam ladainhas. Imploram a intercessão da Virgem e, logo depois dela – e antes de Pedro e de Todos os Santos – invocam o nome de “Miguel”. Quando cita o Arcanjo no capítulo 51, o autor da Comédia, no Canto precedente, acabava de ver o outro anjo, definido «a mais nobre das criaturas», caindo «do céu e despencando como um raio».

A espada contra o mal

Miguel e Lúcifer. Na Divina Comédia, encontra espaço também o confronto mortal entre aquele que na Bíblia é descrito como comandante “supremo do exército celeste” e o chefe dos anjos, que decidiram fazer a menos de Deus e foram precipitados no inferno.

Segundo a tradição, o Arcanjo Miguel é o Príncipe que luta contra o mal, de cujos assaltos defende perenemente a fé e a Igreja. Dante, em 1200, mostra também que é reconhecido o poder da intercessão, atribuído a esta figura, muito venerada tanto no Oriente como no Ocidente.

“Quem é como Deus”?

No mundo, são incontáveis as catedrais, os santuários, os mosteiros, as capelas – mas também montes, grutas, colinas – dedicados ao Arcanjo Miguel, cujo nome, citado cinco vezes na “Sagrada Escritura”, deriva da expressão “Mi-ka-El”, ou seja, “quem é como Deus?”. Pela sua popularidade secular, o Anjo guerreiro que, com a sua espada desembainhada, vigia, do Castelo Santo Anjo, a Cúpula de São Pedro, é também centro de numerosas histórias e anedotas. Uma delas remonta ao dia 13 de outubro de 1884.

A súplica de Leão XIII

No dia 13 de outubro de 1884, logo após a celebração da Missa na Capela Vaticana, Leão XIII permanece inerte por uns dez minutos. Seu rosto, dizem as testemunhas, revela, ao mesmo tempo, terror e maravilha. A seguir, o Papa Pecci vai depressa ao seu escritório, senta-se à mesa e escreve de impulso uma oração ao Arcanjo Miguel. Meia hora depois, chama o Secretário e lhe entrega a folha de papel, pedindo-lhe para ser imprensa e enviada a todos os Bispos do mundo, para que a súplica fosse recitada no final da Missa. Leão XIII narra ter tido, naqueles poucos minutos, uma estarrecedora visão de “legiões de demônios” que atacavam a Igreja, quase a ponto de destruí-la, e de ter assistido a intervenção defensiva e decisiva do Arcanjo. “Depois – acrescenta – vi São Miguel Arcanjo intervir, não naquele instante, mas muito mais tarde, quando as pessoas tivessem intensificado suas ferventes orações ao Arcanjo”. Com o tempo, a súplica caiu em desuso, mas foi recordada por São João Paulo II no Regina Coeli de 24 de abril de 1994: “Convido todos a não se esquecer dela – disse Papa Wojtyla – mas também a rezá-la para obter ajuda na luta contra as forças das trevas e contra o espírito deste mundo”.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 25 set. 2023.

29 de setembro – Monsenhor André Sampaio

“As vezes somos acometidos por um sentimento de tristeza e vazio na alma. Tentamos encontrar uma razão específica para tais sentimentos e nada justifica, pois nos lembramos que já vivemos momentos mais difíceis. E não existe problema sem solução. A questão é que quando nos afastamos de Deus e da prática do amor, e da caridade, nosso espírito se ressente, pois ele sabe das reais razões de estarmos aqui. Crescer, amar a Deus e ao próximo, praticar atos de caridade, de tolerância e de respeito, esses são os remédios para o vazio e a tristeza. Sem Deus somos um vaso vazio!”

Monsenhor André Sampaio

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Por Mauro Nascimento