Vivemos em uma sociedade marcada por desigualdades e opressões, e o machismo é uma das mais persistentes e nocivas delas. Como indivíduos conscientes dessa realidade, muitos de nós se esforçam para serem antirracistas, antilgbtfóbicos e, principalmente, antimachistas. No entanto, é preciso lembrar que esse esforço não pode se limitar a um discurso vazio e a uma postura passiva.
Não basta dizer que apoiamos a luta das mulheres e que acreditamos em igualdade de gênero. É preciso que essas palavras sejam acompanhadas de ações concretas, especialmente quando se trata de confrontar atitudes machistas em nosso próprio círculo social. Não é fácil, mas é necessário.
O problema da “omissão” masculina, ou seja, a lealdade cega e incondicional entre muitos homens, é que muitas vezes ela é usada para justificar e encobrir comportamentos abusivos e opressores. É comum que homens fechem os olhos para o machismo de amigos e conhecidos, preferindo manter uma camaradagem cega a confrontar o problema de frente.
Essa atitude não só é prejudicial para as mulheres que sofrem com o machismo, mas também para os próprios homens que perpetuam e reforçam a cultura machista. Ao não confrontar atitudes machistas em nosso próprio círculo social, estamos contribuindo para a perpetuação do problema e para a manutenção do status quo.
É preciso ter coragem para confrontar essas atitudes e desafiar nossos amigos e conhecidos. Não é fácil, mas é necessário se quisermos promover uma cultura mais justa e igualitária. Devemos nos perguntar: qual é a mensagem que estamos passando para as mulheres em nossa vida quando ignoramos ou minimizamos comportamentos machistas em nossos amigos?
Ser antimachista não é apenas uma questão de discurso, mas de ação. É preciso ter a coragem de agir, de enfrentar desconfortos e de desafiar nossos próprios preconceitos. Enquanto a “omissão” masculina for mais forte do que a nossa vontade de mudar o mundo ao nosso redor, pouco progresso será feito. Mas podemos começar a mudar isso, hoje, agora, dentro de nós mesmos e dentro do nosso círculo social.
Mauro Nascimento