Catolicismo de maneira inclusiva

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09 de março – Monsenhor André Sampaio

“Construir objetivos e realizar sonhos faz parte do quanto nos esforçamos para nos tornarmos melhores, a cada tijolo colocado na caminhada é um pequeno passo a ser dado, se no contar dos tijolos estivermos em débito, nos faltará adiante degrau para podermos subir. Lembremos que a cada tijolo colocado na escalada da vida é a certeza de que teremos degrau a subir e desta forma estaremos diante da possibilidade de nos tornarmos melhores e mais, estaremos certos de que fizemos o melhor de nós. Jamais podemos nos esquecer que cada tijolo conquistado no degrau da vida é passagem certa para o próximo ponto de nossa melhoria moral.”

Monsenhor André Sampaio

Escolhas que fazem a diferença: um convite à reflexão sobre nossas decisões na construção de uma sociedade melhor

“Deus não enviou seu filho ao mundo para condenar. A condenação se dá nas escolhas que nós fazemos quando nós negamos a presença de Deus na história, quando as escolhas sociais, econômicas, políticas e religiosas não são de vida, mas de morte. Quando as escolhas são a partir do lucro e não a partir da partilha e da vida com dignidade” (Padre Julio Lancellotti).

O ser humano tem o poder de escolher e decidir a direção de sua vida, tanto no âmbito pessoal quanto no coletivo. No entanto, muitas vezes essas escolhas são guiadas por interesses egoístas, levando à exclusão e à opressão de outros seres humanos.

O pensamento do Padre Julio Lancellotti nos leva a refletir sobre a importância de nossas escolhas e suas consequências na construção de uma sociedade justa e solidária. Ao dizer que Deus não enviou seu filho ao mundo para condenar, ele nos mostra que o amor e a misericórdia de Deus são a base de toda a criação e que a condenação é resultado de nossas escolhas equivocadas.

Muitas vezes, em nome do lucro e do poder, tomamos decisões que ferem a dignidade humana, desrespeitam os direitos dos mais vulneráveis e prejudicam a natureza. Essas escolhas, feitas a partir de uma perspectiva individualista e egoísta, geram um ciclo vicioso de exclusão, violência e desigualdade.

Por outro lado, quando nossas escolhas são pautadas pelo amor, pela solidariedade e pela busca por justiça social, somos capazes de construir uma sociedade mais justa e igualitária. Escolher a vida, a partilha e a dignidade é escolher a presença de Deus na história humana.

Cabe a cada um de nós refletir sobre nossas escolhas e suas consequências. Precisamos nos questionar se estamos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e solidária ou se estamos fortalecendo um sistema opressor e excludente. Somente assim poderemos fazer escolhas mais conscientes e responsáveis, a partir de um olhar que enxergue o outro como um irmão e a natureza como uma criação divina a ser preservada e cuidada.

Mauro Nascimento

 

Teologia do povo

A Teologia do Povo é uma corrente teológica que surgiu na Argentina na década de 1960, como uma resposta às injustiças sociais e políticas que afetavam a população do país e da América Latina como um todo. Essa corrente é uma variação da Teologia da Libertação, que teve origem no continente latino-americano, mas apresenta particularidades em relação a ela.

A Teologia do Povo tem como base a valorização da cultura, da piedade e da religiosidade popular da Argentina e de toda a América Latina. Ela apresenta o povo como sujeito histórico-cultural e a religiosidade popular como uma forma inculturada de fé cristã católica na população latino-americana. A análise histórico-cultural é mais valorizada do que a análise sócio-estrutural, o que significa que a corrente procura compreender a realidade a partir da história e da cultura do povo, em vez de focar apenas nas questões econômicas e políticas.

A Teologia do Povo tem uma opção preferencial pelos pobres, o que significa que a corrente se coloca ao lado daqueles que são oprimidos e excluídos socialmente. Ela tem como objetivo criar um projeto histórico de justiça e paz, que possa libertar os oprimidos de uma situação de injustiça estrutural e de violência institucionalizada.

Lucio Gera, líder da Comissão Episcopal de Pastoral (Coepal), foi o principal teólogo da Teologia do Povo. Ele foi um dos membros da equipe que elaborou o “Documento de San Miguel”, em 1969, que defendia a pastoral popular pensada não apenas para o povo, mas a partir do povo. Outros importantes colaboradores da corrente foram Justino O’Farrell, Gerardo Farrel, Rafael Tello, Alberto Sily, Fernando Boasso, Enrique Angelelli e Manuel Marengo.

A denominação “Teologia do Povo” foi utilizada pela primeira vez pelo jesuíta e teólogo da libertação Juan Luis Segundo, que foi um crítico dessa corrente. Segundo ele, a Teologia do Povo apresenta uma visão demasiadamente culturalista e pouco comprometida com as questões políticas e sociais que afetam a população latino-americana.

Apesar das críticas, a Teologia do Povo continua a ser uma corrente relevante na teologia latino-americana, que busca compreender a realidade a partir da perspectiva do povo e que se coloca ao lado dos mais pobres e excluídos. A corrente tem como objetivo contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, em que todos possam viver com dignidade e respeito.

Mauro Nascimento

Referências:

BERGOGLIO, J. M. S. (Papa Francisco). Teologia do Povo. São Paulo: Loyola, 2013.

O Papa Francisco e a Teologia do Povo – Entrevista especial com Juan Carlos Scannone. Acesso em: 25.abr. 2023.

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Por Mauro Nascimento