Catolicismo de maneira inclusiva

Categoria: Opinião (Página 13 de 14)

Da competição à colaboração: a sinodalidade como um novo modelo de relacionamento

“Sinodalidade é passar do eu para o nós” (Nathalie Becquart – subsecretária do Sínodo dos Bispos).

O conceito de sinodalidade tem sido cada vez mais discutido dentro da Igreja Católica, especialmente desde o pontificado do Papa Francisco. Em sua essência, sinodalidade significa caminhar juntos, em comunhão, buscando a escuta mútua e a tomada de decisões em conjunto.

Como bem disse Nathalie Becquart, sinodalidade é passar do eu para o nós. Isso significa deixar de lado o individualismo e o egoísmo que muitas vezes nos dominam a olhar para o outro, para a comunidade, para a coletividade. É reconhecer que não somos seres isolados, mas seres que dependem uns dos outros para existir e prosperar.

Ao adotarmos a sinodalidade em nossas vidas, estamos abrindo espaço para o diálogo e o consenso, para a construção de um projeto comum. Estamos dizendo não à imposição de ideias e à tirania do mais forte, e sim ao respeito pelas diferenças e ao valor da diversidade.

No entanto, é preciso reconhecer que a sinodalidade não é algo fácil de ser praticado. Requer humildade, paciência, disposição para ouvir e aprender. Requer, acima de tudo, uma profunda conversão interior, uma mudança de mentalidade que nos leve a ver o outro como um irmão, um parceiro, e não como um adversário.

Mas é exatamente essa mudança de mentalidade que a sinodalidade nos convida a fazer. É um convite para sairmos de nós mesmos, de nossas zonas de conforto e de nossas certezas, e nos abrirmos para o outro, para a coletividade. É um convite para vivermos em comunhão, em fraternidade, em solidariedade.

Por isso, é tão importante que a sinodalidade não seja apenas uma palavra bonita ou uma teoria abstrata, mas algo que se traduza em práticas concretas, em gestos e atitudes que expressem essa nova mentalidade. E que, aos poucos, essa mentalidade se torne uma cultura, uma forma de vida, uma expressão da identidade cristã.

Em resumo, sinodalidade é passar do eu para o nós. É um convite para construir juntos um mundo melhor, mais justo, mais fraterno. Um convite que, se acolhido, pode transformar não apenas a Igreja, mas toda a sociedade.

Mauro Nascimento

Referência:

Nathalie Becquart: «Sinodalidad es pasar del yo al nosotros». Acesso em: 20 abr. 2023.

A difícil decisão das igrejas que possuem obras de Rupnik: retirar ou contextualizar?

O caso do padre jesuíta Rupnik coloca em questão um dilema ético e moral que tem sido debatido ao longo dos anos: o que fazer com as obras de arte de artistas que cometem crimes ou transgressões? É uma questão complexa e não há uma resposta fácil.

De um lado, é importante reconhecer a gravidade das acusações feitas contra Rupnik. Abuso sexual, psicológico e espiritual são crimes terríveis e inaceitáveis, e é fundamental que essas denúncias sejam investigadas e que haja justiça para as vítimas. É compreensível que as igrejas que possuem obras de arte criadas por ele estejam considerando retirá-las, dada a seriedade das acusações.

Por outro lado, há o valor artístico e histórico dessas obras. Muitas igrejas e locais sagrados têm obras de arte que são consideradas tesouros culturais e religiosos, e que foram criadas por artistas que podem ter cometido transgressões em suas vidas pessoais. Seria justo apagar essas obras por causa das ações de seus criadores?

Não há uma resposta fácil, mas é possível pensar em algumas possibilidades. Uma delas seria manter as obras, mas contextualizá-las de maneira apropriada. Isso poderia envolver incluir informações sobre as acusações contra o artista, bem como sobre o contexto histórico e cultural em que a obra foi criada. Isso permitiria que os visitantes entendessem tanto o valor artístico da obra quanto as questões éticas envolvidas.

Outra possibilidade seria remover as obras e substituí-las por outras que tenham o mesmo valor artístico e histórico, mas que tenham sido criadas por artistas que não tenham cometido transgressões. Isso seria uma forma de preservar a integridade das igrejas e dos locais sagrados, sem apagar a história ou o valor artístico das obras.

Em última análise, cabe às instituições religiosas que possuem obras de arte de Rupnik decidirem o que fazer. Independentemente da decisão tomada, é importante lembrar que o valor artístico de uma obra não justifica ou minimiza os crimes cometidos pelo seu criador. É possível admirar a beleza e o significado de uma obra de arte, ao mesmo tempo em que se reconhece e repudia as ações de seu criador.

Mauro Nascimento

Referência:

BBC Brasil. Acesso em: 17 abr. 2023.

A importância da compaixão na fé: uma reflexão sobre a troca de palavras entre o Papa Francisco e uma criança

Essa breve troca de palavras entre o Papa Francisco e uma criança é um lembrete poderoso de que a fé não é apenas sobre seguir regras ou acreditar em uma doutrina, mas sim sobre amor, compaixão e esperança.

A pergunta da criança sobre se seu pai ateu estaria no céu pode parecer simples, mas é uma questão profunda e complexa que desafia muitos crentes. Como podemos reconciliar a ideia de um Deus justo e amoroso com a crença de que aqueles que não seguem uma religião específica ou que não acreditam em Deus ainda podem encontrar a felicidade após a morte?

A resposta do Papa Francisco, que enfatiza o amor de Deus por todos os seus filhos, independentemente de suas crenças, é um lembrete importante de que nossa fé deve ser fundamentada no amor e na compaixão. Não cabe a nós julgar quem merece ou não ser salvo, mas sim viver nossas vidas de acordo com os ensinamentos de amor e misericórdia de Jesus.

Essa troca de palavras também destaca a importância da sinceridade e da curiosidade das crianças. Muitas vezes, as crianças fazem perguntas difíceis que nos desafiam a repensar nossas próprias crenças e preconceitos. Devemos sempre receber essas perguntas com a mente e o coração abertos, como o Papa Francisco fez nesse caso, e estar dispostos a aprender e crescer com elas.

Finalmente, essa troca de palavras também nos lembra da importância de consolar e apoiar aqueles que estão passando por momentos difíceis. A criança que fez a pergunta estava claramente lutando com a perda de seu pai, e o Papa Francisco ofereceu uma mensagem de esperança e conforto que pode ter feito toda a diferença para ela. Às vezes, tudo o que precisamos é de alguém que nos lembre que não estamos sozinhos e que há amor e compaixão no mundo.

Em resumo, a troca de palavras entre o Papa Francisco e a criança é um lembrete poderoso de que nossa fé deve ser baseada no amor e na compaixão, que devemos sempre receber as perguntas das crianças com mente aberta, e que devemos sempre procurar consolar e apoiar aqueles que estão passando por dificuldades.

Mauro Nascimento

Padre Julio Lancellotti: a voz dos sem-voz

Padre Julio Lancellotti,
O profeta dos oprimidos,
Com sua voz firme e forte,
Luta pelos desvalidos.

Ele é luz nas trevas,
É voz na escuridão,
Com sua fé e coragem,
Mostra a todos a salvação.

Com sua dedicação,
Aos pobres e aos sem-teto,
Ele é um verdadeiro exemplo,
De amor e respeito.

Padre Julio Lancellotti,
É um guerreiro da justiça,
Que luta com toda a força,
Contra a opressão e a cobiça.

Sua mensagem é de esperança,
De um mundo mais justo e igual,
E com sua voz e sua alma,
Ele nos inspira a sermos mais real.

Padre Julio Lancellotti,
O profeta dos oprimidos,
Sua luz brilha forte e clara,
E seu amor nunca será vencido.

Mauro Nascimento

Para além do sensacionalismo: a demência como possível fator explicativo no caso do Dalai Lama

O episódio envolvendo o Dalai Lama e um menino, em que um vídeo divulgado mostra o líder religioso pedindo para que o garoto chupasse sua língua, gerou muita discussão e opiniões divergentes. No entanto, há um aspecto importante que não foi levantado como uma hipótese para o caso. Profissionais de saúde, cuidadores e familiares de idosos que convivem com pessoas com demência sabem bem sobre a falta de filtro e pudor que é um dos primeiros sintomas dessa doença.

É triste e avassalador testemunhar a perda gradual da capacidade de discernimento e controle social em pessoas queridas. A doença de Alzheimer, por exemplo, é conhecida por tirar o filtro social dos pacientes, o que pode resultar em comportamentos impróprios e constrangedores.

Embora não saibamos se esse foi o caso do Dalai Lama, é importante que a assessoria dele esclareça mais profundamente o episódio. Além disso, os jornalistas poderiam aproveitar a oportunidade para informar sobre essa característica da doença, que é uma realidade para muitas famílias e amigos de pessoas com demência.

O Dalai Lama é uma figura respeitada mundialmente, com 87 anos e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1989. Independentemente do que aconteceu, é necessário lembrar que a demência é uma doença cruel que afeta não apenas os pacientes, mas também aqueles que os cercam. É preciso mais compreensão, apoio e empatia para lidar com essa realidade tão difícil.

Mauro Nascimento

Referências:

Idoso com demência pode apresentar hipersexualidade. Acesso em: 11 abr. 2023.

O que significa ser um Dalai Lama. Acesso em: 11 abr. 2023.

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Por Mauro Nascimento