Catolicismo de maneira inclusiva

Autor: Katholikos (Página 72 de 167)

22 de outubro – São João Paulo II, papa

São João Paulo II, Basílica de São Paulo Extramuros

Karol Józef Wojtyła nasceu em Wadowice, Polônia, em 1920. Sua família e infância foram marcadas por diversos lutos. Em 1939, quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia, o Terceiro Reich fechou a Universidade Jagelônica, em Cracóvia, que ele frequentava. Então o jovem Karol começou a trabalhar, primeiro, em uma pedreira e, depois, em uma fábrica de produtos químicos Solvay, para poder sobreviver e evitar a deportação para a Alemanha. Em 1942, sentindo a vocação para o sacerdócio, frequentou os cursos de formação, no Seminário maior clandestino de Cracóvia, dirigido pelo Arcebispo Adam Stefan Sapieha.

Pastor em uma Polônia finalmente livre

Depois da guerra, Karol continuou seus estudos no Seminário maior de Cracóvia e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagelônica, até ser ordenado sacerdote, em 1946. Em 1948, recebeu seu primeiro cargo na Polônia: coadjutor na paróquia de Niegowić, perto de Cracóvia, e, depois, na cidade, naquela de São Floriano; foi capelão dos universitários, até 1951, e, a seguir, lecionou Teologia Moral e Ética, no Seminário maior de Cracóvia e na Faculdade de Teologia de Lublin. Em 13 de janeiro de 1964, foi nomeado Arcebispo de Cracóvia, pelo Papa Paulo VI, que também o criou Cardeal, três anos depois. Logo depois, participou do Concílio Vaticano II, durante o qual deu uma importante contribuição para na elaboração da Constituição Gaudium et spes.

Primeiro polonês no trono de Pedro

Com a morte prematura de João Paulo I, contra todas as previsões, Karol Wojtyła foi eleito Papa, em 16 de outubro de 1978: foi o primeiro Papa não italiano, após 455 anos – desde Adriano VI -, o primeiro polonês da história e também o primeiro Pontífice de um país de língua eslava. Seu Pontificado começou logo a bater recordes: fez 104 Viagens Apostólicas pelo mundo, expressão da constante solicitude pastoral do Sucessor de Pedro por todas as Igrejas; sabendo falar 11 línguas, João Paulo II sempre trabalhou para construir pontes entre as diferentes nações e religiões, em nome do Ecumenismo, verdadeiro farol, que o guiou ao longo do seu longo Pontificado. Na Itália, fez 146 Visitas Pastorais; como Bispo de Roma, visitou 317 paróquias romanas, das atuais 332.

Um ministério realmente universal

A sua solicitude de Pastor o levou a criar numerosas dioceses e circunscrições eclesiásticas; promulgou Códigos de Direito Canônico para as Igrejas latinas e orientais, e o Catecismo da Igreja Católica. Propôs ao Povo de Deus momentos de particular intensidade espiritual: convocou o Ano da Redenção, o Ano Mariano, o Ano da Eucaristia, como também o Grande Jubileu de 2000. Reuniu as novas gerações com a instituição das Jornadas Mundiais da Juventude, a primeira das quais ocorreu em Roma, em 31 de março de 1985. Desde então, o evento foi celebrado a cada dois anos, em cidades diferentes do mundo, que ele escolhia, adquirindo importância cada vez maior. Nenhum Papa encontrou tantas pessoas como João Paulo II: mais de 17 milhões e 600 mil peregrinos participaram das Audiências Gerais de quarta-feira (mais de 1160), sem contar as audiências especiais e cerimônias religiosas; expressou seu carinho, apertando as mãos de milhões de fiéis, durante suas Visitas pastorais e Viagens Apostólicas.

Atentado na Praça São Pedro

João Paulo II sofreu um grave atentado na Praça São Pedro, em 13 de maio de 1981: ao passar, com seu jipinho entre a multidão, foi ferido com um tiro. Depois de uma longa hospitalização, visitou o terrorista na penitenciária, o turco Ali Agca, que o perdoou e manteve uma longa conversa. Em sinal de agradecimento à Mãe de Deus, que o salvou com a sua mão materna, o Papa pediu para colocar a bala, com a qual foi atingido, na coroa da estátua de Nossa Senhora de Fátima, uma vez que o atentado ocorreu no seu dia litúrgico. Ciente de ter renascido para uma nova vida, João Paulo II intensificou ainda mais seus compromissos pastorais, com generosidade heroica.

Documentos e textos

Durante seu longo pontificado, o Papa Wojtyła também assinou vários documentos, que, depois, fizeram parte do Magistério da Igreja: 14 Encíclicas, 15 Exortações Apostólicas, 11 Constituições Apostólicas e 45 Cartas Apostólicas. Entre todas as Encíclicas, recorda-se aquela sobre o trabalho e a doutrina social, como a Laborem Exercens, de 1981, e a Centesimus Annus, de 1991, por ocasião do centenário da Rerum Novarum de Leão XIII. Destaca-se também a Constituição Apostólica Pastor Bonus, de 1988, com a qual organizou a Cúria Romana e as funções dos vários Dicastérios. Ao Papa João Paulo II são atribuídos também cinco livros: O Limiar da Esperança (outubro de 1994); Dom e Mistério: no quinquagésimo aniversário do meu sacerdócio (novembro de 1996); Tríptico Romano, meditações em forma de poesia (março de 2003); Levantai-vos! Vamos! (maio de 2004) e Memória e Identidade (fevereiro de 2005).

Morte e culto

João Paulo II faleceu em Roma, no Palácio Apostólico do Vaticano, no sábado, 2 de abril de 2005, às 21h37, às vésperas do Domingo in Albis ou da Divina Misericórdia, por ele instituído. Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história, depois de São Pedro e de Pio IX. Seu solene funeral ocorreu na Praça São Pedro, no dia 8 de abril, com uma participação incrível de pessoas. João Paulo II foi beatificado no dia 1 de maio de 2011, por seu sucessor imediato, Bento XVI, e canonizado pelo Papa Francisco, em 27 de abril de 2014.

Oração que João Paulo II rezava, todos os dias, desde criança:

Vinde Espírito Criador,
a nossa alma visitai
e enchei os corações
com vossos dons celestiais.

Vós sois chamado o Intercessor de Deus
excelso dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.

Sois o doador dos sete dons
e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós,
por nós seus feitos proclamai.

A nossa mente iluminai,
os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.

Nosso inimigo repeli,
e concedei-nos a vossa paz,
se pela graça nos guiais,
o mal deixamos para trás.

Ao Pai e ao Filho Salvador,
por vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor,
fazei-nos sempre firmes crer.

Glória a Deus Pai,
ao Filho, que ressuscitou dos mortos,
e ao Espírito Santo
por todos os séculos.
Amém!

Fonte: Vatican News. Acesso em: 19 out. 2023

22 de outubro – Monsenhor André Sampaio

“Respeite o jeito de ser de cada um!

Você também tem uma maneira especial de ser.

Compreenda isto.

Desculpe as falhas alheias.

Alguém não o cumprimentou?

Pense que não costuma fazê-lo.

Falou muito alto?

Talvez não escute bem.

Não lhe deu atenção?

Ele é distraído mesmo.

Ame-os. Eles são assim.

Não sabem ser diferentes.

No íntimo, estão pedindo para que os aceite como são.

No mais profundo, todos são iguais a você.

Respeite, tolere, ame…”

Monsenhor André Sampaio

21 de outubro – Monsenhor André Sampaio

“Fé e Esperança! Irmãs que caminham juntas, sustentando uma a outra. Quando tudo parece estar perdido, sem saída… a esperança surge, renovando a fé em nossos corações. Quando temos a fé viva em nós, temos a certeza de que tudo está certo, tudo caminha para o nosso bem e a nossa santificação. Deus, nosso Pai misericordioso, nos dá todas as oportunidades necessárias para aprendermos a ser melhores… Com a fé, as tribulações normais desta vida parecem tão pequenas pois, há uma confiança tão grande de que tudo vai se revolver da melhor forma… que ficamos serenos, confiantes no Pai e em sua providência. A fé não é sinônimo de acomodação, ao contrário, nossa perseverança é imprescindível para fortalecê-la. Quando tivermos a certeza de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance mas, ainda assim, não tivermos condições de resolver uma determinada situação, temos que saber entregar… Entregar nossa vida, nosso futuro e nosso ser a Deus, sabendo que só Ele pode resolver o que ‘parece’ não ter solução… isto é ter fé. Quando vemos irmãos nossos praticando o bem, colocando amor em suas ações, renovamos a esperança e a fé na Humanidade. Aconteça o que acontecer, só o amor vai nos libertar das ilusões e, com a fé e a esperança, nos fortalecemos a cada dia, sabendo que tudo está certo… que todos estamos destinados ao amor incondicional que vem de Deus, e habita dentro de cada um de nós.”

Monsenhor André Sampaio

21 de outubro – São Gaspar Del Búfalo, Presbítero, Fundador dos Missionários do Preciosíssimo Sangue de Cristo

Imagem: Wikimedia

Em 6 de janeiro de 1786, a família romana Búfalo, aristocratas empobrecidos, rejubilou-se com o nascimento de um filho, que foi batizado – na solenidade da Epifania – com o nome de Gaspar, um dos três reis magos: Gaspar, Baltasar, Melquior. Desde pequeno, dedicou-se à oração e à penitência e frequentou o Colégio Romano, que, na época, era confiado ao clero secular, após a supressão da Companhia de Jesus. No entanto, visto que o seu pai era cozinheiro no Palácio Altieri, em frente à Igreja de Jesus, Gaspar aprendeu a conhecer e a venerar São Francisco de Sales, ao qual atribuiu uma cura milagrosa na sua juventude.

Entre os “carroceiros”

Em 1798, Gaspar recebeu a batina e começou a dar assistência espiritual e material aos necessitados de Roma. Distinguiu-se, de modo particular, pela sua dedicação ao Catecismo, que ocorria no Oratório da igreja de Santa Maria do Pranto: ali, começou a ensinar a Doutrina da Igreja aos “carroceiros”, que vinham da zona rural para levar feno ao chamado Campo Vaccino, como era chamado, na época, o Fórum Romano. Ele se dedicava também à preparação de uns jovens, escolhidos para ensinar o catecismo e cuidar dos pobres, fazendo renascer assim a Obra de Santa Gala. Em 1808, Gaspar foi, finalmente, ordenado sacerdote. Desta forma, intensificou o apostolado entre as classes populares, transformando a igrejinha de Santa Maria “in Pincis”, junto à Rupe Tarpea, em um próspero centro de espiritualidade.

“Não devo, não posso, não quero”

Na época de Gaspar, Roma e o Estado Pontifício foram ocupados pelas tropas napoleônicas. Na noite entre 5 e 6 de julho de 1809, a situação se precipitou e o Papa Pio VII foi preso e deportado. Além disso, Napoleão obrigou os Bispos e párocos da cidade a assinar um ato de juramento de fidelidade ao novo regime. Em 13 de junho de 1810, o juramento foi imposto também ao Padre Gaspar, que, porém, se recusou, pronunciando as famosas palavras: “Não devo, não posso, não quero”. Por isso, foi preso e mandado para o exílio. Ele descontou sua pena de quatro anos nas prisões de Piacenza, Bolonha, Ímola e, enfim, em Lugo, perto de Ravena. Retornou a Roma somente em 1814.

Um “terremoto espiritual”

Em 1815, Gaspar fundou uma nova Congregação chamada Missionários do Preciosíssimo Sangue. Ele se sentia mais próximo a esta devoção, intimamente ligada ao Sagrado Coração de Jesus, da qual se tornou apóstolo fervoroso. Somente o Sangue, derramado por Cristo para a redenção dos homens, era instrumento de conversão. Percebendo seu zelo, o Papa Pio VII confiou à sua Congregação a missão de uma nova evangelização e restabelecer a fé nos territórios do Estado Pontifício. Na prática, ele lhe pedia para ir aonde ninguém queria e enfrentar pessoas, que ninguém queria encontrar.

“Martelo dos sectários”

Gaspar e seus missionários tiveram que enfrentar duas chagas principais que afligiam Roma: a maçonaria e o banditismo. Suas habilidades de pregador alcançaram resultados extraordinários contra as sociedades secretas, consideradas forjas de um perigoso secularismo ateu: conseguiu levar inteiras lojas maçônicas para o bom caminho, desmascarando este problema oculto, a ponto de receber o apelido de “martelo dos sectários”. Da mesma forma, agiu contra os bandidos: para cumprir sua missão, no caminho entre Roma e Nápoles, armado apenas com o crucifixo e a misericórdia evangélica, Gaspar falava e explicava a todos sobre o sangue derramado por Jesus, como sacrifício pela salvação de toda a humanidade. Assim, lentamente, conseguiu alcançar o que ninguém havia conseguido: tornar a cidade mais segura.

Morte e canonização do “Anjo da paz”

Em 1834, graças à colaboração de Maria de Mattias, – que havia conhecido aos 17 anos e à qual revelara a sua vocação, – Gaspar fundou o ramo feminino da Congregação: as Irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue de Cristo, que hoje atuam no mundo inteiro, sobretudo na Índia e Tanzânia. Três anos depois, Gaspar de Búfalo faleceu e foi canonizado por Pio XII, em 1954. Falando sobre este Santo aos participantes no Capítulo geral da Congregação, em 14 de setembro de 2001, São João Paulo II disse: “Confiante no fato de que o pedido do Papa era uma ordem de Cristo, seu Fundador não hesitou em obedecer, embora o resultado tenha sido: foi acusado de ser muito inovador. Lançando suas redes nas águas profundas e perigosas, fez uma pesca surpreendente”.

Oração de São Gaspar ao Sangue de Jesus:

Precioso sangue do meu Senhor,
que eu possa vos abençoar sempre.
Amor do meu Senhor, que se tornou chaga,
quanto estamos longe de nos conformar com a vossa vida.
Sangue de Cristo, bálsamo das nossas almas e fonte de misericórdia, fazei que a minha língua, avermelhada de sangue na celebração diária da Missa, possa abençoar-vos agora e sempre.
Senhor, quem não vos amará?
Quem não se consumirá de carinho por vós?
As vossas chagas, vosso sangue, os espinhos, a cruz e, sobretudo, o sangue divino, derramado até à última gota, clamam com voz eloquente ao meu pobre coração!
Visto que agonizastes e morrestes por mim, para me salvar, eu também darei, se necessário, a minha vida, para conseguir a beatitude do céu.
Jesus, vós vos fostes a nossa redenção.
Do vosso peito aberto, arca de salvação, fornalha de caridade, saiu sangue e água, sinais dos sacramentos e da ternura do vosso Amor, Jesus Cristo, que nos amou e nos lavou com o seu Sangue!

Fonte: Vatican News. Acesso em: 19 out. 2023.

Ailton Krenak: a conquista da “cadeira imortal” e a representatividade indígena na Academia Brasileira de Letras

A nomeação de Ailton Krenak como o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras é um marco histórico e uma conquista significativa não apenas para ele, mas para toda a representatividade indígena no Brasil. A sua trajetória como filósofo, escritor e ambientalista trouxe à tona questões essenciais sobre a convivência entre a humanidade e o meio ambiente.

Ao longo de sua carreira, Krenak não apenas escreveu livros que tocaram muitos leitores brasileiros, como “Ideias para adiar o fim do mundo”, mas também se destacou como um ativista comprometido em promover uma consciência ambiental e social mais profunda. Ele nos lembra que a preservação do planeta e o respeito às culturas indígenas são pilares fundamentais para o futuro da humanidade.

Além disso, sua nomeação para a Academia Brasileira de Letras quebra barreiras e estabelece um precedente importante ao ser o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL. Isso não apenas reconhece o valor de sua obra literária, mas também coloca em evidência a riqueza da diversidade cultural brasileira.

Ailton Krenak nos inspira a repensar nosso papel no mundo e a importância de valorizar a sabedoria das culturas indígenas. Sua presença na Academia Brasileira de Letras representa um passo significativo em direção a uma sociedade mais inclusiva e consciente de sua história e diversidade.

Mauro Nascimento

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Por Mauro Nascimento