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Em busca da verdade: uma reflexão sobre falseabilidade e ceticismo

Desde os tempos antigos, filósofos e pensadores têm se debruçado sobre o conceito da verdade e seu papel nas nossas vidas intelectuais e culturais. Agostinho de Hipona, um dos pensadores mais influentes da história, trouxe à tona uma visão intrigante da verdade, onde ela se torna um farol constante em um mar de incertezas.

Agostinho nos lembra de que a verdade deve ser universal e imutável. Se algo é verdadeiro para mim, ele também deve ser verdadeiro para você e para todos. Além disso, a verdade não é efêmera; se é verdade agora, será verdade amanhã. Essa visão da verdade como um conceito estável, imutável e universal pode ser surpreendente em um mundo onde a relatividade muitas vezes prevalece.

No entanto, a discussão avança para o conceito de falseabilidade, um pilar da metodologia científica. A falseabilidade nos ensina que uma afirmação deve ser passível de ser testada e potencialmente refutada para ser considerada científica. Essa abordagem pode ser uma faca de dois gumes, pois, ao permitir que as teorias sejam questionadas e revisadas, ela também abre espaço para o ceticismo. Se tudo pode ser falso, como podemos encontrar uma verdade sólida?

O ceticismo, que pode surgir da falseabilidade, representa uma jornada intrincada. A dúvida constante pode nos levar a questionar se podemos realmente alcançar a verdade em meio a tantas incertezas. No entanto, abandonar a busca da verdade seria um erro fatal. Seria a paralisia da ciência, da filosofia, da ética e dos valores culturais. A verdade deve permanecer como nosso horizonte, um farol que orienta nossa busca constante.

É nesse ponto que a reflexão se aprofunda. O autor nos lembra que o mais importante não é apenas a verdade que já compreendemos, mas a busca contínua da verdade. A busca persistente prevalece sobre a negação da possibilidade da verdade. Ela nos desafia a não afirmar absolutamente que sabemos a verdade, mas a valorizar o ato de buscar a verdade. É nessa busca que encontramos significado e valor.

A busca da verdade transcende a mera busca intelectual. Ela se torna uma jornada moral, científica, metafísica e estética. A verdade, então, não é apenas um conceito, mas um horizonte que enriquece nossa compreensão do mundo e nos dá um propósito mais profundo.

Em resumo, essa reflexão sobre a verdade, falseabilidade e ceticismo nos convida a abraçar a busca contínua da verdade como um valor fundamental. A verdade pode ser esquiva, mas é na jornada de busca que encontramos um significado mais profundo em nossas vidas e uma compreensão mais rica do mundo que nos cerca. A verdade, nesse contexto, não é apenas um destino, mas o horizonte que ilumina nosso caminho.

Mauro Nascimento

Referências:

FITZGERALD, A. D. Agostinho através dos tempos: uma enciclopèdia. Edição braImasileira sob coordenação de Heres Drian de O. Freitas. Apresentação Cristiane Negreiros Abbud Ayoub Revisão de tradução e técnica Cristiane Negreiros Abbud Ayoub e Heres Drian de O. Freitas. São Paulo: Paulus, 2018. (Coleção Filosofia Medieval).

HAACK, S. Putting Philosophy to Work. New York: Prometheus Books, 2013.

A busca pela essência: uma reflexão sobre a citação de Basílio de Magalhães

“Nunca tive, não tenho e espero não ter jamais ídolos de espécie alguma, exceto apenas a Beleza e a Verdade” (Basílio de Magalhães).

A citação de Basílio de Magalhães é uma afirmação forte e contundente de que ele não tem, nem nunca teve ídolos de qualquer tipo, exceto pela beleza e pela verdade. Embora haja muitas virtudes nobres que um ser humano pode aspirar, por que Basílio escolheu especificamente essas duas virtudes em particular?

Pode-se interpretar a escolha de Basílio de Magalhães como uma valorização da essência das coisas, em oposição ao valor superficial que muitas vezes é dado a coisas como a fama, o dinheiro, o poder, a beleza física ou outros atributos externos. A beleza e a verdade, por outro lado, são valores mais profundos e duradouros, que transcendem as aparências e atingem o cerne das coisas.

A beleza pode ser encontrada em muitas coisas, desde a natureza até a arte, e é uma manifestação da harmonia e da perfeição que existe no mundo. A verdade, por sua vez, é o reconhecimento do que é real e autêntico, em oposição à ilusão e à falsidade.

No entanto, a busca pela beleza e pela verdade pode ser difícil e muitas vezes desafiadora. A beleza pode ser subjetiva e difícil de definir, enquanto a verdade pode ser esquiva e complexa. Além disso, ambas podem ser ameaçadas pela nossa própria percepção e entendimento limitados.

Ainda assim, a escolha de Basílio de Magalhães é inspiradora e um lembrete de que devemos buscar o que é mais essencial e valioso na vida. Ao invés de buscar ídolos efêmeros, podemos encontrar significado e propósito ao contemplar a beleza e a verdade que existem em nós e no mundo ao nosso redor. Essa busca pode ser desafiadora, mas é uma jornada que vale a pena empreender, pois nos permite descobrir a profundidade e a riqueza da vida.

Mauro Nascimento

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Por Mauro Nascimento