“Um dia você vai ver que não valeu a pena tanta correria, para ganhar dinheiro e não usufruir. Vai ver que o tempo passou e o cansaço tomou conta de seu corpo. Vai ver que, mesmo rodeado de muita gente, você se sente só. Um dia você vai se recolher ao seu quarto, e ter vontade de abraçar o travesseiro, porque não sobrou ninguém para abraçar. Vai ver que, entrando numa roda viva, você não é mais dono do tempo que dizem que é seu, e que não pode cedê-lo a qualquer um. Vai ver que o carro já está se tornando um problema, e não um conforto. O telefone é chato, a gravata incomoda… Por mais que tente se livrar de tudo, é um escravo, e ainda assim invejado por muitos. Vai ver que não valeu a pena os anos sem férias, sem descanso. Vai ver que não tem mais ilusões, e a esperança anda com vontade de dormir. Um dia você vai ver que passou pela vida sem viver. Frequentou o mundo sem saber porquê. Rodou, rodou, e não saiu do lugar. Pensou que foi, mas ficou. Teve tudo e não sentiu nada. Um dia você verá que o tempo escoa tão rápido, como a areia fina pelos seus dedos. Vai ver que resta parar e gritar de cima de um edifício: ‘Chega!!!’. Vai ver que é hora de sorrir, de amar, de ser da família, de misturar-se com as crianças e dar a mão ao próximo. Antes que seja tarde demais…”
Monsenhor André Sampaio