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Curiosidades: o que é uma hagiografia?

Hagiografia é basicamente uma biografia de santo, especialmente no contexto cristão. É um tipo de escrita que conta a vida, as obras e os milagres desses santos, além de celebrar e venerar a sua figura.

As hagiografias são geralmente escritas de maneira positiva, destacando as virtudes, os feitos extraordinários e os exemplos de piedade dos santos. Elas podem incluir histórias de milagres atribuídos a eles, relatos sobre sua santidade e até mesmo detalhes sobre o seu martírio, se for o caso. O objetivo das hagiografias é inspirar e fortalecer a fé dos fiéis, fornecendo exemplos de como viver uma vida espiritual e moralmente correta.

É importante lembrar, porém, que as hagiografias não são necessariamente registros históricos precisos. Muitas vezes, elas contêm elementos lendários, mitológicos ou simbólicos. Elas refletem a devoção popular e a interpretação da figura do santo dentro de uma determinada comunidade religiosa.

Mauro Nascimento 

Referência:

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

12 de maio – Santos Nereu e Aquileu, mártires, na Via Ardeatina

O martírio destes dois soldados romanos passou para a história com o Papa São Dâmaso, que, no século IV, escreveu uma epígrafe, em sua homenagem, revelando a sua identidade. Assim, ele transmitiu esta triste história à posteridade.

Conversão, obra da glória de Cristo

Nereu e Aquiles eram pretorianos, ou seja, guardas militares romanos, que têm a tarefa especial de proteger de perto o imperador. Neste caso específico, provavelmente serviram Diocleciano, por cujas mãos morreram anos depois.

Em certo momento, cansados de cumprir ordens de morte e de obedecer apenas por medo das consequências, os dois Santos soldados foram iluminados pela glória de Deus e, finalmente, abriram os olhos. Assim, desertaram, abandonaram seus escudos, as armaduras e seus dardos sujos de sangue.

Translado das relíquias, entre lendas e realidade

Não se sabe muito sobre a morte destes dois mártires, exceto o fato de que terem sido decapitados, por volta do ano 304, precisamente sob o império de Diocleciano.

Desde então, foram venerados em uma basílica paleocristã, nas Termas de Caracala. Seus restos mortais foram enterrados no cemitério de Domitila, ao longo da Via Ardeatina. Segundo uma lenda, o martírio destes dois soldados era coligado ao de Santa Domitila, sobrinha do imperador Domiciano.

A memória litúrgica dos Santos Nereu e Aquiles é celebrada, precisamente, no dia do translado das suas relíquias.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 11 abr. 2023.

14 de abril – Santos Tibúrcio, Valeriano e Máximo, mártires, na Via Ápia

“Transcorria o ano 229. As perseguições anticristãs se enfureciam. O edito de Constantino sobre a liberdade de culto ainda estava longe. Neste contexto, os três mártires, que celebramos hoje, viviam em Roma. Sua veneração era muito viva no século V e sua história foi transmitida por diversas fontes: as mais completas são a Passio de Santa Cecília e o Martirológio Jeronimiano, que depois passou para o Romano, muito usado ainda hoje.

Valeriano e Cecília, uma união virginal

A história começa com Valeriano, um nobre romano, nascido em 177, com quem Cecília, também filha de patrícios de alto escalão, se casou. Apesar de pertencer a uma família pagã, Cecília, desde sua tenra idade, tornou-se discípula de Jesus; às ocultas, vivia em comunhão com Ele, em contínua oração e na prática das virtudes; consagrou-se a Jesus no segredo do seu quarto.

No dia do casamento, Cecília confiou a Valeriano o voto que havia feito: ‘Nenhuma mão profana pode me tocar, porque um anjo me protege. Se você me respeitar, ele também vai lhe amar como me ama’. Valeriano era um ótimo rapaz e a graça começou a entrar nele: aceitou sua esposa e sua união virginal. Naquele momento, um anjo sorridente lhe apareceu, com duas coroas nas mãos: uma, com lírios para ele, e, outra, com rosas para a sua esposa.

Martírio e conversão de Máximo

Valeriano foi batizado pelo Papa Urbano I e tornou-se um cristão zeloso. Com a sua fé e suas palavras inspiradas, conseguiu também converter seu irmão Tibúrcio. Ambos, juntos com Cecília, saíam, todas as noites, para enterrar os cristãos martirizados, contornando as proibições, e levar comida e conforto aos fiéis escondidos.

Certa noite, porém, os dois irmãos foram descobertos, presos e condenados à morte pelo prefeito Almáquio, muito feroz contra os cristãos. Antes da execução, Cecília foi visitá-los na prisão para encorajá-los a enfrentar as provações, que Deus lhes enviava, com fé e tenacidade, até mesmo as mais extremas como o martírio.

No dia seguinte, Máximo, o carcereiro que os vigiava, levou-os a um templo pagão, obrigando-os a oferecer sacrifícios aos deuses, conforme as leis. Mas, ao se recusarem, foram executados. Naquele momento, Máximo viu o céu se abrir e os anjos desceram para levar as almas daqueles dois cristãos. O oficial sentiu, no seu interior, a chamada do Senhor e se converteu. Alguns dias depois, teve o mesmo destino: o martírio.

Enterrar mártires era um crime

Na Roma pagã e fortemente anticristã, o enterro dos condenados à morte, sobretudo por motivos religiosos, era muito perigoso: quem o fazia corria o risco de ser considerado cúmplice e, portanto, era condenado à pena de morte.

Porém, todas as noites, Cecília continuava a desafiar seu destino, mesmo após a execução do marido e do cunhado, que os levou e enterrou em Pagos, quatro milhas fora de Roma. Fez a mesma coisa também com o corpo de Máximo, que enterrou, separadamente, no cemitério de Pretestato, na Via Ápia. Por sua vez, o Papa Pasqual I transferiu as relíquias dos três mártires para a Basílica dedicada a Santa Cecília, no bairro de Trastevere.”

Fonte: Vatican News. Acesso em: 14 abr. 2023.

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Por Mauro Nascimento