“Na psicologia, o caráter é a definição da personalidade de uma pessoa. É a forma predominante de agir de cada um; é individual, o resultado da junção de todos os seus traços comportamentais. O caráter também pode ser chamado de índole, temperamento ou natureza de uma pessoa.
As qualidades (boas ou más) de uma pessoa é que determinam seu caráter. A palavra caráter não designa apenas o bom caráter; ela faz referência ao somatório das virtudes e vícios de uma pessoa. Porém, é muito comum que se diga que alguém de má índole tem falta de caráter.
O caráter de uma pessoa pode ser definido com base na sua maneira de agir e de reagir às situações da vida.
Uma pessoa de boa índole pauta suas atitudes segundo as normas da moral do local e época em que vive. Uma pessoa de caráter tem firmeza e coerência de atitudes, tem firmeza nas suas escolhas. O contrário é o indivíduo mau-caráter.
É sintomático do caldo de cultura nacional a apologia da malandragem. Diante das vísceras expostas da safadeza e frouxidão ética que infectam a República nos três níveis do poder e se ramificam por toda a sociedade, frutos podres da malandragem institucionalizada no País, dá profunda tristeza, imensa indignação ouvir a exaltação da malandragem, opondo-a com desdém ao seu oposto sociológico, o desprezível Mané. Diz ele: ‘Malandro é malandro, mané é mané’.
Diz o Dicionário Aurélio: ‘Malandro é o indivíduo dado a abusar da confiança dos outros, que não trabalha e vive de expedientes, preguiçoso, mandraço, mandrião, patife, velhaco; gatuno, ladrão, esperto, matreiro, astuto, vivo’.
Malandro é o sujeito dotado de inominável cara-de-pau, dono de destruidor sorriso sardônico e um imbatível sarcasmo, sempre tranqüilo, boa praça, dono da situação e senhor da razão, que não liga pra o que ocorre em volta, rei da trapaça, do trambique, sem limites ou respeito à ética, às conveniências, às leis: ele é a lei, tripudia sobre os bons costumes, contanto que vença, não importa o preço a pagar.
A malandragem é uma patologia ética, desvio de caráter ético na busca do bem comum, na política sadia: cegueira e cinismo ético-político, insensibilidade ao bem comum caracterizam o malandro. Ensinar a safadeza também é ensinar. A malandragem também se aprende. E muitas vezes é mais fácil aprender os meandros da corrupção, da malandragem, dos atos indizíveis… do que aprender o valor humano, o valor da solidariedade, o valor da participação.”
Monsenhor André Sampaio