“Antigos campos de concentração não podem virar uma Disney, assim como ataques a escolas não podem ser banalizados. Perdemos a capacidade de refletir e respeitar?” (Nina Lemos).
A citação de Nina Lemos nos convida a refletir sobre a forma como lidamos com eventos históricos e contemporâneos que trazem consigo traumas profundos. Ela menciona dois exemplos que, aparentemente, não teriam relação entre si: os campos de concentração nazistas e os ataques a escolas. No entanto, ambos ilustram a nossa dificuldade em lidar com o passado e o presente de forma respeitosa e reflexiva.
Quando se fala em campos de concentração nazistas, é fácil lembrar das imagens que nos são apresentadas nos filmes e documentários: cercas eletrificadas, barracões lotados, prisioneiros famintos e torturados. É um cenário de horror que nos deixa chocados e indignados. No entanto, é possível que nem sempre tenhamos a mesma reação quando nos deparamos com notícias de que um antigo campo de concentração será transformado em atração turística, por exemplo. É como se aquelas paredes e aquele chão, que testemunharam tanta dor e sofrimento, perdessem o seu significado original e se tornassem apenas um cenário pitoresco para fotos e selfies.
O mesmo pode ser dito em relação aos ataques a escolas. Infelizmente, temos visto com frequência notícias de tiroteios em escolas e outros espaços educacionais. É uma realidade que nos assusta e entristece profundamente, mas que, ao mesmo tempo, parece estar se tornando banalizada. As discussões em torno desses acontecimentos são, muitas vezes, polarizadas e simplistas: uns culpam o acesso fácil às armas, outros defendem a necessidade de mais segurança nas escolas. Poucos se detêm para refletir sobre as raízes desse fenômeno, sobre a cultura da violência que permeia a sociedade, sobre a vulnerabilidade dos jovens diante da pressão por um desempenho perfeito e de uma imagem idealizada nas redes sociais.
O que ambos os exemplos nos mostram é que perdemos a capacidade de refletir de forma profunda e complexa sobre o que está por trás de eventos traumáticos. Tendemos a simplificar as questões e a desrespeitar a memória daqueles que sofreram. Transformar um campo de concentração em uma Disney é apagar a história e a dor daqueles que foram perseguidos e mortos. Banalizar os ataques a escolas é minimizar a dor das famílias que perderam seus filhos, seus irmãos, seus amigos.
É preciso recuperar essa capacidade de reflexão e respeito. É preciso olhar para o passado e para o presente com empatia e compaixão. É preciso valorizar a história e a memória dos que vieram antes de nós, para que possamos construir um futuro mais justo e humano.
Mauro Nascimento