O QUE FAZER COM A INVEJA?

“Ao preceituar que não cobicemos as coisas alheias, o décimo mandamento nos previne contra uma ‘doença espiritual’ muito séria: a inveja.

Todo homem possui dentro de si um apetite sensível que o faz desejar coisas agradáveis que não possui. Este apetite em si mesmo não é prejudicial nem pode ser considerado pecado. O problema surge quando o desejo saudável passa a ser ‘avidez’, pois ela remete ao pecado da inveja. O décimo mandamento: ‘não cobiçar as coisas alheias’, trata justamente dessa desordem do querer.

A inveja é a tristeza de ver o outro feliz, de ver o outro agraciado. E a tristeza também é um pecado, pois, onde existe tristeza, existe um deus morto.

A inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um mal grave ao próximo, é um pecado mortal: ‘Santo Agostinho via na inveja o pecado diabólico por excelência. Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado pela sua prosperidade’ (São Gregório Magno e CIC 2539).

Com a inveja evidencia-se ainda um outro pecado: o da idolatria, pois o invejoso coloca-se no lugar de Deus e quer que o verdadeiro Deus esteja sujeito às suas veleidades. É por isso que enxergar em tudo a mão divina, em tudo o sustento da mão poderosa do Senhor e agradecer por isso é a melhor maneira de curar-se desse mal.

O homem moderno acredita que a justiça de Deus significa que todos devem ser iguais, o que não é verdade. Deus distribui seus dons de modo que uns precisem dos outros sempre. Para a luta contra a tristeza, contra a inveja e contra a idolatria a melhor arma é a ação de graças.

‘Quereríeis ver Deus glorificado por vós? Pois bem, alegrai-vos com os progressos de vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado, dirão, porque seu servo soube vencer a inveja, colocando sua alegria no mérito dos outros’ (São João Crisóstomo).

Portanto, agradecer a Deus sempre e por todas as coisas é sair do estado de esquecimento produzido pela inveja. É ter em mente que nada é merecido, que Deus não é devedor de absolutamente nada, mas que cada um é AGRACIADO por Ele, que é o Sumo Bem e a Suma bondade.”

Monsenhor André Sampaio