Catolicismo de maneira inclusiva

Categoria: Santo do dia (Página 2 de 49)

01 de dezembro – São Charles de Foucauld

Imagem: Vatican News

Um jovem rico

Charles de Foucauld (1858-1916), jovem rico aristocrata francês que perdeu os pais quando criança e a fé na adolescência, é um jovem cadete da prestigiosa academia militar de Saint-Cyr que aproveita a vida intensamente. Ou talvez, de uma forma não muito diferente daquele jovem rico que corre a Jesus para lhe perguntar o que fazer para herdar a vida eterna (cf. Mc 10,17-22), sente um vazio inexplicável que tenta preencher com os prazeres do mundo. Um colega de classe recorda: “Se nunca vistes Foucauld nesta sala, deitado indolente em uma confortável poltrona enquanto saboreia um gostoso lanche de paté de fois gras, acompanhado por um bom champanhe, então nunca vistes um homem que goza a vida”.

Depois de receber o diploma, Charles embarca em uma missão militar e em uma expedição geográfica para a Argélia. Lá, no vasto silêncio do deserto, entre nômades cujo estilo de vida é tão diferente do seu, começa a se fazer sentir aquele vazio que o jovem soldado tentara preencher com os bens deste mundo. Nele surge então uma pergunta silenciosa, e começa a rezar: “Meu Deus, se é verdade que você existe, deixe-me conhecê-lo”.

  “Vai… vende tudo… vem”

Em 1886, de volta à França, o jovem de 28 anos confidencia seu tormento interior a um sacerdote, que sugere que se confesse – o que ele faz. Vem a fé – e com ela, os pedidos. “Vai… vende tudo… vem”: o mesmo disse Jesus ao jovem do Evangelho, a quem olha com amor. Charles sente o olhar de Jesus pousar sobre ele da mesma forma inesperada e imprevisível como aconteceu com aquele outro jovem rico cerca de 2.000 anos antes. Ele sabe que é chamado a responder a esse amor com a vida.

Mas neste ponto as histórias destes dois jovens ricos se separam: de fato, o jovem do Evangelho vai embora triste, incapaz de se desfazer de seus bens. Em vez disso, Charles escreve: “No momento em que comecei a acreditar que existe um Deus, entendi que não poderia fazer outra coisa senão viver somente para Ele”. Vai, portanto, vende e vai – primeiro para mosteiros trapistas na França e na Síria. Após completar seus estudos para o sacerdócio e receber a ordenação na França, ele sente o chamado para retornar ao deserto. No Saara, ele vive a vida simples e austera de um eremita entre os nômades tuaregues. Quer ser um adorador no deserto, “irmão dos mais abandonados”.

Padre Charles quer evangelizar, “não com a palavra, mas sim pela presença do Santíssimo Sacramento, pela oração e a penitência e o amor fraterno e universal”. Nas notas escritas aos irmãos cuja vida espera compartilhar, mas que nunca concretizou, escreve: “Toda a nossa existência deve ser de gritar o Evangelho”.

Gritar o Evangelho

Em 1916, o padre Charles foi assassinado por bandidos. Sua vida e sua morte solitárias foram um forte “grito” de que o único Deus, misericordioso e benevolente, é a origem e o fim de todo amor. Este irmão no deserto encarna aquela grande “confissão” descrita pelo Papa João Paulo II como a essência de toda a vida consagrada. Por uma “profunda conformação com o mistério de Cristo”, escrevia o Papa na Exortação Apostólica Vida Consagrada, “a vida consagrada realiza a título especial aquela confessio Trinitatis, que caracteriza toda a vida cristã, reconhecendo extasiada a beleza sublime de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e testemunhando com alegria a sua amorosa magnanimidade com todo o ser humano.”

A “confissão da Trindade” do padre Charles foi fecunda: depois da sua morte, além daquela específica comunidade religiosa que ele desejava, nasceram muitas outras comunidades. Em 2022, o Papa Francisco canoniza o mártir padre Carlos de Jesus, um jovem rico que havia vendido tudo o que possuía para seguir o Senhor.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 28 nov. 2023.

30 de novembro – Santo André, apóstolo

Santo André (© Biblioteca Apostolica Vaticana)

Chamado por primeiro

“Encontramos o Messias!” Eis a expressão de alegria incomensurável e gratificante de quem descobre ter atingido a meta tão desejada! Com estas palavras, narradas no Evangelho de João, André, que vai depressa ao encontro do seu irmão Pedro, lhe transmite a emoção de ter sido chamado “por primeiro” por Jesus.

Pescador de Betsaida da Galileia e discípulo de João Batista, André reconheceu logo, no filho de José o carpinteiro, o “Cordeiro de Deus”. O evangelista recorda até a hora daquele encontro, às margens do Rio Jordão, que marcou para sempre a sua existência: “Eram cerca de quatro horas da tarde”.

Deixou as redes e o seguiu

“Mestre, onde moras?”. A resposta de Jesus à pergunta de André e de um seu companheiro, não tardou a chegar: “Venham e verão”. Era um convite ao qual não podiam rejeitar; era a prefiguração de um chamamento sucessivo, mais explícito, que Jesus faria, às margens do mar da Galileia, também a Simão, seu irmão: “Sigam-me; eu os farei pescadores de homens”. Os dois ficaram maravilhados, mas não hesitaram, como narra o evangelista Mateus: “Deixando logo as redes, o seguiram”.

Daquela primeira troca de olhares, espiritualmente rompente, brota um caminho de fé, o seguimento de Cristo na vida de cada dia. André, de fato, foi um dos Doze, que o Filho de Deus escolheu como companheiro mais íntimo.

Deve ter-lhe causado também grande transtorno presenciar à multiplicação dos pães e dos peixes: antes deste milagre, ao dirigir seu olhar à multidão faminta e aos cinco pães e dois peixes à disposição, incrédulo perguntou: “O que é isto para tanta gente?”.

Padroeiro da Romênia, Ucrânia e Rússia

Jesus aumenta, ainda mais, a fé do apóstolo André, quando, junto com Pedro, Tiago e João, o leva à parte, ao Monte das Oliveiras, onde responde as questões sobre os sinais dos últimos tempos. Sabe-se que André havia levado alguns gregos ao Messias, para conhecê-lo. Mas, os Evangelhos não dão maiores detalhes.

Contudo, os Atos dos Apóstolos afirmam que, com outros companheiros, André se dirigiu a Jerusalém, depois da Ascensão. O resto da narração sobre a sua vida é confiado a textos não canônicos e apócrifos. “Você será um dos pilares de luz no meu Reino”, teria dito Jesus a André, segundo uma antiga escrita copta.

Escritores cristãos, nos primeiros séculos do cristianismo, referem que o apóstolo André teria evangelizado a Ásia Menor e as regiões ao longo do Mar Negro, chegando até ao rio Volga. De fato, hoje, Santo André é venerado como Padroeiro na Romênia, Ucrânia e Rússia.

Mártir em uma cruz decussada

A pregação da Boa Nova prosseguia, incansavelmente, na Acaia. Por volta do ano 60, em Patras, André foi ao encontro do martírio: foi pregado em uma cruz, em forma de X, – segundo seu desejo – como se quisesse evocar a letra inicial grega do nome de Cristo. Antes de expirar, segundo a Lenda Dourada, ele teria pronunciado as seguintes palavras: “Cruz, santificada pelo corpo de Cristo. Santa cruz, por tanto tempo desejada e amada, sempre quis abraçar-te. Acolhe-me e leva-me até meu Mestre”.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 27 nov. 2023.

29 de novembro – São Saturnino de Toulouse

São Saturnino é venerado como missionário que foi o primeiro bispo de Toulouse e é uma das devoções mais populares na França e na Espanha. Segundo escritos conhecidos como a “Paixão de Saturnino”, ele pregou dos dois lados dos Pirineus, entre os anos 430 e 450.

Por onde andou, pregava com fervor, convertendo quase todos os habitantes que encontrava ao cristianismo. Consta que ele ordenou o futuro são Honesto e juntos foram para a Espanha, onde teria, também, batizado o agora São Firmino. Depois, regressou para Toulouse, mas antes consagrou o primeiro como bispo de Pamplona e o segundo para assumir a diocese de Amiens.

Embora houvesse um decreto do imperador proibindo e punindo com a morte quem participasse de missas ou mesmo de simples reuniões cristãs, Saturnino liderou os que o ignoravam. Continuou com o santo sacrifício da missa, a comunhão e a leitura do Evangelho.

O autor de sua “passio”, relata que ele costumava reunir fiéis numa pequena igreja de Toulouse, e que o principal templo pagão da cidade erguia-se entre a igreja e a residência do santo. Nesse templo pagão eram feitos oráculos, mas fazia tempo que os mesmos haviam silenciado, o que se atribuía à presença do bispo cristão. Dessa forma, os sacerdotes pagãos, certo dia, o agarraram quando estava passando por perto e o arrastaram para o interior do templo, declarando que deveria apaziguar os deuses ofendidos, oferecendo-lhes em sacrifício um touro a Júpiter, ou senão aplacar os deuses com o seu sangue. Saturnino respondeu: “Venero um só Deus e estou preparado para lhe oferecer um sacrifício de louvor. Vossos deuses são maus e se comprazem mais com o sacrifício de vossas almas do que as dos vossos novilhos. Como posso temer aqueles que, como vós mesmos reconheceis, tremem na presença dos cristãos?”

Enfurecidos com esta resposta foi amarrado pelos pés ao pescoço do animal, que o arrastou pela escadaria do templo. Morreu com os membros esfacelados.

O seu corpo foi recolhido e sepultado por duas cristãs. No local, um século mais tarde, são Hilário construiu uma capela de madeira, que logo foi destruída. Mas as suas relíquias foram encontradas, no século VI, por um duque francês, que mandou, então, erguer a belíssima igreja dedicada a ele, chamada, em francês, de Saint Sernin du Taur, que existe até hoje com o nome de Nossa Senhora de Taur. O culto ao mártir são Saturnino, bispo de Toulouse, foi confirmado e mantido pela Igreja em 29 de novembro.

Fonte: Franciscanos. Acesso em: 27 nov. 2023.

27 de novembro – São Virgílio, bispo de Salzburgo

São Virgílio (Joachim Schäfer – Ökumenisches Heiligenlexikon)

Virgílio, de origem irlandesa, exerceu grande parte das suas atividades como bispo de Salzburg, na Caríntia, a convite de Pepino o Breve, com a missão de evangelizar e pacificar o recém-conquistado Ducado da Baviera.

Em sua terra natal, Virgílio viveu como monge, até ser nomeado Abade em um importante mosteiro.

Embora fosse um homem de grande cultura teológica e científica, a sua nomeação como Bispo não teve o consentimento de São Bonifácio, legado papal na Alemanha, apenas porque o imperador não teve a sensatez de consultá-lo. Todavia, este não foi o único motivo do atrito entre Bonifácio e Virgílio: entre eles havia também muita divergência em campo científico-cosmológico, com implicações no âmbito doutrinal. Repreendido pelo Papa Zacarias, Virgílio obedeceu com humildade, deixou de lado as disputas teológicas e dedicou-se com zelo à organização da sua Diocese. Ele se dedicou, incessantemente, à educação religiosa do povo e à assistência aos pobres. Em 774, inaugurou a primeira Catedral de Salzburg, para a qual transferiu as relíquias do primeiro Bispo da cidade, São Ruperto.

Enfim, acompanhou a fundação de numerosas abadias, como a de São Cândido, e estendeu suas atividades missionárias até Estíria e Panônia. São Virgílio faleceu em 784, mas a sua santidade foi reconhecida, oficialmente, apenas em 1233.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 24 nov. 2023.

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Por Mauro Nascimento