Catolicismo de maneira inclusiva

Categoria: Opinião (Página 11 de 14)

Reflexões sobre a relação entre humanos e animais a partir do caso da capivara Filó

O caso da capivara Filó trouxe à tona diversas questões importantes que merecem ser refletidas. Em primeiro lugar, a relação entre humanos e animais é sempre uma questão delicada e complexa. Ainda mais quando se trata de animais silvestres, que demandam cuidados e um ambiente adequado para sobreviver.

Por um lado, é possível ver a atitude do influenciador Agenor como algo nobre e altruísta, ao resgatar a capivara órfã e cuidar dela com tanto carinho. Por outro lado, é preciso lembrar que a posse de animais silvestres é ilegal e pode causar prejuízos tanto para o animal quanto para as pessoas envolvidas.

Além disso, a mobilização nas redes sociais em prol da capivara Filó mostra a força que a internet pode ter para mobilizar pessoas e causas. No entanto, é importante lembrar que nem sempre a opinião popular é a mais adequada ou justa. É preciso ter cautela ao tomar decisões baseadas apenas na pressão das redes sociais.

Por fim, o caso da capivara Filó também destaca a importância da Justiça na resolução de conflitos. A decisão judicial de conceder a tutela provisória da capivara ao influenciador Agenor pode não agradar a todos, mas é uma forma de garantir que a situação seja analisada de forma mais cuidadosa e justa, levando em consideração o bem-estar do animal.

Em suma, o caso da capivara Filó serve como um lembrete de que nossas ações podem ter consequências, tanto positivas quanto negativas. Devemos sempre pensar nas implicações de nossas escolhas e buscar o equilíbrio entre nossos desejos e o que é correto e justo para todos os envolvidos.

Mauro Nascimento

Referência:

Entenda o caso da capivara Filó que envolveu influenciador, deputada, Luisa Mell e Ibama. Acesso em: 02 mai. 2023.

Esquecer para perdoar ou esquecer para se vingar? Uma análise crítica da frase de Borges

Jorge Luis Borges, um dos mais importantes escritores do século XX, deixou uma frase que pode ser interpretada de muitas maneiras: “Eu não falo de vingança nem de perdão, o esquecimento é a única vingança e o único perdão”. Tal frase nos convida a pensar sobre a importância do esquecimento em nossas vidas e sobre a natureza da vingança e do perdão.

Muitas vezes, quando alguém nos machuca, a primeira reação é querer se vingar. Sentimos a necessidade de fazer com que a outra pessoa sinta a mesma dor que nos causou. No entanto, a vingança nunca nos traz a paz que buscamos. Na verdade, ela muitas vezes acaba nos tornando tão ruins quanto aqueles que nos machucaram. Por outro lado, perdoar nem sempre é fácil, mas é necessário para seguir em frente. No entanto, o perdão nem sempre significa esquecer completamente o que aconteceu.

Borges propõe uma terceira opção: o esquecimento. Quando esquecemos o que nos foi feito, deixamos de sentir a dor que nos machucou e, consequentemente, não sentimos a necessidade de buscar vingança. Além disso, o esquecimento pode ser um verdadeiro perdão, pois nos permite deixar o passado para trás e seguir em frente sem o peso do rancor e do ressentimento.

No entanto, o esquecimento também pode ser perigoso. Quando esquecemos o que nos foi feito, corremos o risco de permitir que a mesma pessoa nos machuque novamente. Por isso, é importante encontrar um equilíbrio entre o esquecimento e a lembrança, entre o perdão e a justiça. Às vezes, a justiça é necessária para evitar que outras pessoas sofram o mesmo que nós sofremos.

Em suma, a frase de Borges nos convida a pensar sobre a natureza humana e sobre como podemos lidar com as dificuldades da vida. Nem sempre é fácil perdoar, e não é certo buscar vingança. Mas talvez a melhor forma de seguir em frente seja encontrar um caminho entre esses extremos, onde possamos lembrar do passado sem sermos dominados por ele e encontrar a paz sem abrir mão da justiça. O esquecimento pode ser uma ferramenta útil nesse caminho, mas precisamos usá-lo com sabedoria.

Mauro Nascimento

Fake News e Interesses Políticos: os possíveis impactos do PL 2330/20

O Projeto de Lei 2330/20, também conhecido como “PL das fake news”, tem gerado diversas discussões e polêmicas nas últimas semanas. Uma das principais questões levantadas é a imunidade parlamentar estendida às redes sociais, que permitirá que os parlamentares (deputados federais e senadores) publiquem qualquer conteúdo sem serem moderados por termos e condições de segurança das plataformas.

Essa medida é alarmante, pois estabelece uma classe privilegiada que terá maior “liberdade de expressão” em relação ao restante da população. Além disso, ao ser aprovada em caráter de urgência, o projeto de lei não passa pelo escrutínio das comissões e não permite discussões aprofundadas sobre seus possíveis impactos e consequências, resultando em uma aprovação precipitada e sem consideração adequada.

Outro ponto que tem gerado controvérsia é a remuneração das grandes mídias, que parece estar por trás do interesse de alguns políticos na aprovação do PL. Isso levanta dúvidas sobre a independência e a imparcialidade desses políticos, que podem estar agindo em benefício próprio em vez de pensar no bem comum.

Diante dessas questões, é fundamental que a sociedade se mantenha vigilante e cobre dos políticos uma postura ética e transparente em relação ao PL das fake news. É preciso garantir que a liberdade de expressão não seja utilizada como uma desculpa para disseminar informações falsas e prejudicar a democracia. E, acima de tudo, é preciso defender os valores da transparência, da justiça e da igualdade, que são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Mauro Nascimento

 

Cuca, a memória seletiva e a impunidade em casos de violência sexual

O caso de estupro ocorrido em 1987 em Berna, na Suíça, envolvendo jogadores do Grêmio, tem sido trazido à tona novamente com as declarações do treinador Cuca, que afirmou não se lembrar dos fatos. Essa afirmação é preocupante, especialmente porque seu sêmen foi identificado no corpo da vítima. Para refrescar sua memória, o Blog do Paulinho publicou trechos relevantes da cobertura da época, incluindo falas repulsivas atribuídas a Cuca.

Essa situação é profundamente lamentável e revela a falta de responsabilidade e compromisso com a justiça que alguns indivíduos têm. O fato de Cuca ter “esquecido” o que aconteceu é alarmante, mas também é um sinal da cultura do esquecimento que permeia muitos setores da sociedade brasileira. Infelizmente, a impunidade em casos de violência sexual é comum e isso precisa mudar.

Como torcedor do Atlético MG, me sinto envergonhado por ter apoiado Cuca em sua passagem pelo time, independentemente dos títulos conquistados. Afinal, não podemos fechar os olhos para atitudes tão graves como essa. É necessário que a sociedade como um todo reflita sobre a importância de combater a violência sexual e garantir que os agressores sejam responsabilizados por seus atos.

Além disso, é fundamental que o futebol brasileiro, como um dos principais símbolos culturais do país, assuma uma postura firme no combate à violência sexual. Os clubes e as entidades esportivas precisam implementar políticas efetivas de prevenção e de combate a esse tipo de violência, e não podem aceitar que jogadores, treinadores ou qualquer outro membro envolvido no esporte cometam atos tão abomináveis.

É necessário que a sociedade como um todo se mobilize para erradicar a violência sexual, e o caso de Cuca é um exemplo claro de como essa questão ainda é negligenciada no Brasil. Precisamos exigir justiça e responsabilização dos agressores, e lutar para que todas as vítimas de violência sexual sejam ouvidas, respeitadas e amparadas.

Mauro Nascimento

Da memória à banalização: um alerta para a história e o presente

“Antigos campos de concentração não podem virar uma Disney, assim como ataques a escolas não podem ser banalizados. Perdemos a capacidade de refletir e respeitar?” (Nina Lemos).

A citação de Nina Lemos nos convida a refletir sobre a forma como lidamos com eventos históricos e contemporâneos que trazem consigo traumas profundos. Ela menciona dois exemplos que, aparentemente, não teriam relação entre si: os campos de concentração nazistas e os ataques a escolas. No entanto, ambos ilustram a nossa dificuldade em lidar com o passado e o presente de forma respeitosa e reflexiva.

Quando se fala em campos de concentração nazistas, é fácil lembrar das imagens que nos são apresentadas nos filmes e documentários: cercas eletrificadas, barracões lotados, prisioneiros famintos e torturados. É um cenário de horror que nos deixa chocados e indignados. No entanto, é possível que nem sempre tenhamos a mesma reação quando nos deparamos com notícias de que um antigo campo de concentração será transformado em atração turística, por exemplo. É como se aquelas paredes e aquele chão, que testemunharam tanta dor e sofrimento, perdessem o seu significado original e se tornassem apenas um cenário pitoresco para fotos e selfies.

O mesmo pode ser dito em relação aos ataques a escolas. Infelizmente, temos visto com frequência notícias de tiroteios em escolas e outros espaços educacionais. É uma realidade que nos assusta e entristece profundamente, mas que, ao mesmo tempo, parece estar se tornando banalizada. As discussões em torno desses acontecimentos são, muitas vezes, polarizadas e simplistas: uns culpam o acesso fácil às armas, outros defendem a necessidade de mais segurança nas escolas. Poucos se detêm para refletir sobre as raízes desse fenômeno, sobre a cultura da violência que permeia a sociedade, sobre a vulnerabilidade dos jovens diante da pressão por um desempenho perfeito e de uma imagem idealizada nas redes sociais.

O que ambos os exemplos nos mostram é que perdemos a capacidade de refletir de forma profunda e complexa sobre o que está por trás de eventos traumáticos. Tendemos a simplificar as questões e a desrespeitar a memória daqueles que sofreram. Transformar um campo de concentração em uma Disney é apagar a história e a dor daqueles que foram perseguidos e mortos. Banalizar os ataques a escolas é minimizar a dor das famílias que perderam seus filhos, seus irmãos, seus amigos.

É preciso recuperar essa capacidade de reflexão e respeito. É preciso olhar para o passado e para o presente com empatia e compaixão. É preciso valorizar a história e a memória dos que vieram antes de nós, para que possamos construir um futuro mais justo e humano.

Mauro Nascimento

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Por Mauro Nascimento