“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando a opressão em todo o tipo de relação. Fala que o pai oprime a mãe, a mãe oprime o filho e aquela instituição chamada família tem que ser destruída” (Deputado Federal Eduardo Bolsonaro, 09/07/2023).

O discurso do deputado federal Eduardo Bolsonaro, em que compara um professor a um traficante, levanta questões importantes e requer uma reflexão cuidadosa. É fundamental evitar generalizações simplistas e comparações extremas que distorcem a realidade.

Primeiramente, é importante reconhecer que a função de um professor vai muito além de transmitir conhecimentos. Os professores desempenham um papel crucial na formação de cidadãos conscientes, promovendo valores como respeito, diversidade e pensamento crítico. No entanto, atribuir aos (as) professores (as) a intenção de doutrinar ou corromper a mente dos alunos é injusto e infundado.

Comparar um professor a um traficante, que sequestra e leva os filhos para o mundo do crime, é uma analogia extremamente exagerada. Traficantes são criminosos que causam danos significativos à sociedade, enquanto professores são profissionais que dedicam suas vidas à educação e ao desenvolvimento dos alunos. Fazer tal comparação não apenas difama os professores, mas também desvaloriza sua importância e contribuição para a sociedade.

Além disso, é importante lembrar que ideologias existem em todas as esferas políticas, e não apenas em um espectro específico. Todos nós, como seres humanos, possuímos nossas crenças, valores e convicções. No entanto, é fundamental distinguir entre a apresentação de diferentes perspectivas e a doutrinação. Um professor comprometido com o ensino equilibrado e imparcial deve fornecer aos alunos uma visão ampla e pluralista, incentivando-os a pensar criticamente e formar suas próprias opiniões.

Em uma sociedade democrática, é essencial promover um diálogo aberto e respeitoso, onde diferentes ideias possam ser debatidas e contestadas. Rotular indiscriminadamente professores como doutrinadores é um obstáculo para o progresso educacional e para a construção de uma sociedade inclusiva.

Portanto, é crucial evitar generalizações simplistas e descontextualizadas. Devemos incentivar o debate saudável e a busca pelo conhecimento, valorizando o papel dos professores como facilitadores do aprendizado, que contribuem para o desenvolvimento intelectual e moral dos alunos. Somente assim poderemos promover uma educação de qualidade e uma sociedade mais justa e plural.

Mauro Nascimento