Catolicismo de maneira inclusiva

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Cardeal Raymundo Damasceno é um dos homenageados com medalha Tancredo Neves em São João del-Rei (MG)

No dia 26 de abril de 2023, a cidade de São João Del-Rei (MG) concedeu a Medalha de Honra Presidente Tancredo de Almeida Neves a vários cidadãos que contribuíram para a preservação dos direitos humanos. Entre os homenageados estava o Cardeal Dom Raymundo Damasceno, que recebeu a medalha por seu compromisso em promover a justiça, a paz e o amor entre as pessoas.

Durante a cerimônia, Dom Damasceno expressou sua gratidão a Deus e às pessoas que tornaram a honra possível. Ele enfatizou sua crença em servir os outros, especialmente os pobres e marginalizados, como princípio orientador de sua vida. Ele também reconheceu as muitas organizações com as quais trabalhou, incluindo a Arquidiocese de Brasília, a Arquidiocese de Aparecida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), por seu trabalho na promoção dos direitos humanos de acordo com os princípios do Evangelho.

Dom Damasceno creditou seu sucesso às pessoas dedicadas com quem trabalhou ao longo dos anos e agradeceu ao Vereador Igor Luiz Sandim Gonzaga pela honra. O vereador Gonzaga propôs a resolução que levou o bispo a receber tal distinção.

Em seu discurso, o cardeal também prestou homenagem a Tancredo Neves, um dos nomes mais reverenciados da história brasileira. Ele reconheceu a contribuição de Neves para o país como político, mas também seu trabalho na promoção da democracia, dos direitos humanos e da justiça social. O cardeal elogiou o legado de Neves como um lembrete de que “arte de construir o bem comum, com a participação do maior número possível de sujeitos, se não for possível fazer com todos“.

A cerimônia foi frequentada por várias autoridades civis, militares e religiosas, bem como por cidadãos locais. A mensagem do cardeal, de serviço aos outros e sua homenagem ao legado de Neves serviram como inspiração para todos os presentes.

Íntegra do discurso:

SESSÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PARA OUTORGA DA MEDALHA PRESIDENTE TANCREDO DE ALMEIDA NEVES

26 de abril de 2023

Excelentíssimo Senhor Vereador Sargento Machado, Presidente da Câmara Municipal de São João Del-Rei;
Excelentíssimo Senhor Vereador Igor Luiz Sandim Gonzaga, propositor da Resolução aprovada por esta Câmara Municipal que me concede a Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves;
Excelentíssimos Senhores Vereadores desta Casa Legislativa;
Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de São João Del-Rei, Nivaldo Andrade;
Ilustres Concidadãos e Concidadãs que, comigo, compartilham a honra de receberem, nesta Sessão, a Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves;
Demais Autoridades Civis, Militares e Religiosas;
Senhoras e Senhores:

Venho a esta querida cidade de São João Del-Rei para receber a Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves, honrosa homenagem que me é prestada pela Câmara Municipal, por proposta do ilustre Vereador Igor Luiz Sandim Gonzaga. Por esse acontecimento, manifesto minha gratidão, antes de tudo, a Deus, o princípio e o fim de minha vida e de minhas ações.

Acolho, com grande alegria, esta honraria que me é concedida, agradecendo aos ilustres Srs. Vereadores desta Casa de Leis que aprovaram a Resolução que me distingue com tamanha distinção.

De maneira muito especial, manifesto o meu preito de gratidão ao eminente Sr. Vereador Igor Luiz Sandim Gonzaga, autor da proposta que me concede insígnia de tão raro e elevado valor. Devo dizer-lhe, Sr. Vereador, que dou grande apreço à sua diligente atuação na Câmara Municipal de São João del-Rei, sempre preocupado com as causas sociais do Município e com a promoção do bem comum, e também apreço à sua ativa participação em entidades filantrópicas, em busca da promoção dos mais necessitados.

Meus agradecimentos também a todas as pessoas que aqui comparecem, abrilhantando, com suas presenças, esta sessão.

Senhoras e Senhores:
Tenho como lema de vida ‘Nada pedir e nada recusar’. É, então, com o estado de alma que esse lema me inspira que recebo tão valorosa homenagem. Recebo a Medalha Presidente Tancredo Neves com humildade e com renovado propósito de bem servir ao próximo, ciente do elevado valor que ela representa para quem a recebe.

Toda minha vida – em família, na Igreja e na sociedade -, foi sempre motivada pela mais firme vontade de servir a Deus, amando os irmãos, colaborando na construção de uma sociedade pautada pela Justiça, pela Paz e pelo Amor entre as pessoas. Da mesma forma, no desempenho de minhas atividades em todas as instituições a que servi ao longo de minha vida, sempre procurei levá-las a fundamentarem sua atuação no Direito e na promoção do bem comum. Na verdade, se a Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves é concedida aos ‘cidadãos que prestaram relevantes serviços em defesa da preservação dos Direitos Humanos’, mais do que a mim, ela deve ser atribuída às pessoas que comigo trabalharam nas instituições de que participei no exercício de meu sacerdócio e de meu episcopado. Nessas instituições, entre outras, a Arquidiocese de Brasília, a Arquidiocese de Aparecida, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano -, nada mais fiz do que coordenar o trabalho de pessoas, estas, sim, as verdadeiras protagonistas da defesa dos Direitos Humanos, segundo os preceitos do Evangelho.

Senhoras e Senhores:
Nesta sessão em que me é outorgada a Medalha Tancredo Neves, é indeclinável o meu dever de prestar a mais merecida homenagem àquele que é um dos nomes mais ilustres da história pátria. Reconheço, valorizo e reverencio a feliz memória do Dr. Tancredo Neves, um dos nomes mais importantes de nossos tempos para a Política e para o povo brasileiros. Ele galgou todos os cargos públicos, de Vereador desta Casa a Presidente eleito do Brasil. Mas não foi apenas a sua atuação no campo político o que lhe conferiu a dimensão de primeira grandeza entre os mais célebres nomes de nossos compatriotas. O que fez com que sua memória viesse a ultrapassar o tempo levando o seu nome a permanecer na história foi sobretudo o fato de ter sido um homem de bem, de família, de valores e princípios humanos e cristãos.

Na Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves está sintetizada toda a história de um homem nascido nesta generosa cidade de São João Del-Rei e educado numa família de princípios e vivência católicos. Desde a infância, como coroinha, e na prática dos sacramentos da Igreja ao longo da vida, e como membro da Ordem Terceira de São Francisco, desde os dezesseis anos de idade, estimulado por sua mãe, e na participação nas procissões católicas durante toda a sua vida, Tancredo Neves deu-nos o exemplo de ser um cristão autêntico. Sua vida de homem religioso refletiu de forma substancial na sua vida pública. E foi nesse cadinho – homem religioso e político – que se formou a personalidade de Tancredo Neves, hábil no diálogo, conciliador, sempre empenhado na busca da ordem e da paz, generoso no sacrifício da própria vida pelo bem comum.

Foi sob a égide do Evangelho, dos ensinamentos da Igreja, que é mãe e mestra, e do Direito que se formou o agir de Tancredo Neves, homem que superou o seu tempo, porque esteve sempre fundado na solidez e na grandeza dos valores humanos e cristãos.

Não poderia, nesta oportunidade, deixar de ser um porta-voz do clamor que este evento faz ressoar em nossas consciências e em nosso agir: precisamos, no Brasil atual, de homens e mulheres que busquem seguir o exemplo de Tancredo Neves nas famílias, nas associações, na vida pública, na Política. A propósito, como se tornou grande a carência de pessoas como Tancredo Neves na Política brasileira! Na verdade, quão grande é, presentemente, a escassez de homens e mulheres cuja atuação política vá além dos interesses meramente partidários e de ideologias mesquinhas! Para suprir essa insuficiência de verdadeiros e autênticos políticos, necessitamos, insisto, de homens e mulheres com as virtudes de Tancredo Neves, que, em essência, foi um homem que exerceu a política na sua acepção mais original: ‘arte de construir o bem comum, com a participação do maior número possível de sujeitos, se não for possível fazer com todos’. Que os exemplos que o Dr. Tancredo nos deixou em sua vida pública continuem, pois, a inspirar o nosso pensar e o nosso agir, onde quer que estejamos, seja qual for o cargo ou a função que exercemos.

Do Dr. Tancredo, há uma célebre frase expressivamente reveladora de sua personalidade e da força interior que a fé lhe infundia: ‘As alvoradas da liberdade não surgem como um acontecimento natural. As manhãs da liberdade se fazem com a vigília corajosa dos homens que exorcizam com sua fé os fantasmas da tirania‘. A fé, aqui apresentada pelo Dr. Tancredo, não é apenas um sentimento, mas uma experiencia cotidiana da presença, da inspiração e da ação generosa de um Deus que age na história pelas mãos dos homens.

Essa frase do Dr. Tancredo deveria merecer a maior atenção nos difíceis e sofridos dias que estamos vivendo em nosso país, dividido por tantas contendas e conflitos. Ela, por certo, nos mostra caminhos seguros a percorrer rumo à pacificação da classe política de nosso país e da população brasileira em geral.

Senhoras e Senhores:
Inspirando-me nos mesmos valores e princípios humanos, éticos e cristãos que marcaram a atuação política de Tancredo Neves, desejo propor a todos que estão na vida pública a se fazerem arautos e praticantes desses mesmos valores. Dirijo-me especialmente aos nobres Srs. Vereadores desta Casa de Leis, onde os anseios do povo de São João Del-Rei devem tornar-se expressão máxima na construção do bem comum, para que não deixem jamais de, sob a iluminação do grande filho desta abençoada Terra, Tancredo Neves, priorizar o zelo e o cuidado para com toda a população do Município, em especial os mais fragilizados pelas difíceis circunstâncias socioeconômicas que estamos vivendo.

Para encerrar minhas palavras, não poderia deixar de recordar a feliz memória de alguns ilustres filhos desta terra consagrada a São João. Além do Presidente eleito Tancredo Neves, recordo o saudoso Cardeal Lucas Moreira Neves, com quem tive a honra de trabalhar, usufruindo dele a serenidade e a sabedoria de um homem de Deus. E, entre tantos outros grandes e ilustres filhos desta terra, recordo ainda o cronista Otto Lara Resende, o compositor sacro Padre José Maria Xavier, a Beata Nhá Chica e o violeiro cantador Chico Lobo. Todos refletem a riqueza e a grandeza desta terra tão querida.

Por fim, não poderia deixar de lembrar também e fazer presente nesta sessão as belíssimas estrofes do hino desta cidade:

Salve, Terra gentil que fulguras,
No regaço da Terra de Minas,
Como um cofre das glórias mais puras,
Como um alvo das bênçãos mais divinas.
(…)
As muralhas das tuas igrejas
São proclamas da Fé que tu tens,
Fé que anima o fervor das pelejas,
Fé que abranda da vida os vaivéns”

Rogo ao bom Deus e à Virgem do Pilar, coroada e proclamada Padroeira deste querido Município, em 1954, pelo saudoso Papa Pio XII, para que continue abençoando o caríssimo e dileto povo de São João Del-Rei.

Tenho dito.

São João Del-Rei – MG, 26 de abril de 2023

Dom Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Aparecida

Mauro Nascimento

Mudança histórica: leigos terão direito a voto no Sínodo sobre a sinodalidade

O Sínodo dos Bispos passou por uma importante mudança em sua estrutura, abrindo espaço para a participação de leigos no processo de tomada de decisão. Agora, 70 membros não bispos serão escolhidos pelo Papa, após indicações das conferências episcopais, tendo direito a voto, algo que antes era exclusivo dos bispos.

A escolha dos membros não bispos será feita após indicações das conferências episcopais, e o Vaticano exige que 50% de mulheres integrem essa lista, garantindo uma representação mais equilibrada de gênero. Apesar dessa novidade, o Sínodo manterá seu caráter episcopal, com 75% da assembleia ainda composta por bispos.

O Papa Francisco está modificando a estrutura do Sínodo de forma gradual, sem querer “super revolucionar” a tradição da Igreja. A inclusão de leigos no processo de tomada de decisão é vista como um avanço significativo, trazendo novas perspectivas e experiências para a discussão de temas importantes para a Igreja Católica.

O próximo Sínodo dos Bispos, dedicado ao tema da sinodalidade, acontecerá em duas partes. A primeira parte está prevista para acontecer de 4 a 29 de outubro desse ano (2023), e a segunda, em outubro de 2024. A inclusão de membros não bispos votantes é um passo importante em direção a uma Igreja mais participativa e inclusiva.

Mauro Nascimento

Referência:

Perfil no Twitter da vaticanista Mirticeli Medeiros. Acesso em: 26 abr. 2023.

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elege Dom Jaime Spengler como novo presidente

Nesta segunda-feira, dia 24 de abril, foi realizada a eleição para a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante a 60ª Assembleia Geral da entidade. O resultado foi a eleição do arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, para o cargo de presidente.

Dom Jaime Spengler nasceu na cidade de Gaspar, em Santa Catarina, em 1960. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1982 e, desde então, tem dedicado sua vida à Igreja Católica. Ele possui especialização em Sagradas Escrituras, doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e já atuou como professor em diversos institutos teológicos.

Em 2011, Dom Jaime foi nomeado bispo titular de Patara e auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre. Mais tarde, em 2013, ele foi elevado à dignidade de arcebispo e se tornou o metropolita da Arquidiocese de Porto Alegre. Desde então, ele tem se destacado em diversas atividades dentro da Igreja Católica, como a sua participação na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, onde foi um dos bispos brasileiros escolhidos para ministrar catequeses aos jovens.

Em 2015, Dom Jaime foi eleito presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB e, no mesmo ano, foi eleito presidente do Regional Sul 3 da CNBB, para a gestão 2015-2019.

Agora, como novo presidente da CNBB, Dom Jaime terá a importante missão de liderar a entidade em um momento de grandes desafios para a Igreja Católica no Brasil e no mundo. A CNBB é a principal instituição representativa da Igreja Católica no Brasil e tem um papel fundamental na defesa dos direitos dos católicos e na promoção da justiça social. A eleição de Dom Jaime Spengler para a presidência da CNBB representa uma importante escolha para a liderança da entidade e para o futuro da Igreja Católica no Brasil.

Mauro Nascimento

Disputa acirrada pela presidência da CNBB reflete diversidade de opiniões dentro da Igreja Católica no Brasil

Nos bastidores da Igreja Católica, uma disputa acirrada está em andamento pela presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Enquanto o franciscano Dom Jaime Spengler, atual arcebispo de Porto Alegre (RS), é cotado como favorito, o cardeal Dom Paulo Cezar, arcebispo de Brasília (DF), continua fazendo uma campanha vigorosa.

A CNBB é uma organização que reúne os bispos da Igreja Católica no Brasil e tem como objetivo coordenar a pastoral da Igreja, promover a evangelização e defender os direitos humanos e sociais. A presidência da CNBB é uma posição de grande influência na Igreja no país e é disputada por líderes religiosos de todo o país.

Dom Jaime Spengler é um líder religioso muito respeitado, com vasta experiência pastoral e teológica. Ele é visto como um líder moderado e tem sido um defensor ativo dos direitos humanos e sociais no Brasil. Sua possível eleição como presidente da CNBB pode ser vista como um sinal de mudança e renovação dentro da Igreja no país.

Por outro lado, o cardeal Dom Paulo Cezar é um líder religioso experiente, que já ocupou diversos cargos de destaque dentro da Igreja no Brasil. Ele é visto como um líder conservador e tem sido um defensor ativo da doutrina da Igreja Católica.

A disputa pela presidência da CNBB reflete a diversidade de opiniões dentro da Igreja Católica no Brasil. Enquanto alguns líderes religiosos defendem uma abordagem mais progressista, outros preferem uma abordagem mais conservadora. A escolha do próximo presidente da CNBB terá um grande impacto na direção que a Igreja tomará no país nos próximos anos.

Mauro Nascimento

Padre que viralizou na internet cantando “Tá Escrito” não pertence à Igreja Católica Romana

Na última semana, um vídeo de um padre cantando a música “Tá Escrito”, de Xande de Pilares, viralizou nas redes sociais e chamou a atenção de muitos fiéis católicos. No entanto, foi revelado que o sacerdote Ataniel Silva, responsável pela interpretação da canção, não pertence à Igreja Católica Romana.

De acordo com informações obtidas, o padre Ataniel Silva é ligado à Igreja Católica Brasileira, fundada em 1945 pelo bispo Carlos Duarte Costa, que se separou da Igreja Católica Romana. A Igreja Católica Brasileira não é reconhecida pelo Vaticano, mas conta com milhares de fiéis em todo o Brasil.

A divulgação do vídeo do padre Ataniel cantando “Tá Escrito” gerou uma grande repercussão nas redes sociais, com muitos católicos comentando sobre a beleza da voz do sacerdote e a emoção que sentiram ao ouvi-lo cantar. No entanto, alguns fiéis questionaram a posição do padre Ataniel em relação à Igreja Católica, já que muitos acreditavam que ele pertencia à instituição romana.

A Igreja Católica Romana, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas alguns líderes religiosos afirmam que é importante que os fiéis estejam cientes das diferenças entre as diversas denominações similares a Igreja Católica Apostólica Romana.

Mauro Nascimento

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Por Mauro Nascimento