“O amor antigo vive de si mesmo,

não de cultivo alheio ou de presença.

Nada exige nem pede. Nada espera,

mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,

feitas de sofrimento e de beleza.

Por aquelas mergulha no infinito,

e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona

aquilo que foi grande e deslumbrante,

o antigo amor, porém, nunca fenece

e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.

Mais triste? Não. Ele venceu a dor,

e resplandece no seu canto obscuro,

tanto mais velho quanto mais amor” (O Amor antigo, Carlos Drummond de Andrade).

O amor antigo, descrito de maneira poética por Carlos Drummond de Andrade, é algo que muitas pessoas buscam em suas vidas. É um amor que não exige nada do outro, que não espera nada em troca, que simplesmente existe por si mesmo. É um amor que tem raízes profundas, que foi moldado pelo sofrimento e pela beleza, e que mergulha no infinito.

Enquanto muitos relacionamentos modernos são construídos em torno da conveniência, das expectativas e da reciprocidade, o amor antigo transcende esses fatores externos e encontra a sua própria fonte de sustento. Ele é alimentado pela lembrança dos momentos vividos, pelas dificuldades superadas e pela admiração mútua.

O amor antigo é também resiliente, capaz de sobreviver ao tempo e às mudanças. Enquanto muitos amores modernos são passageiros e efêmeros, o amor antigo resiste aos desafios e permanece, mesmo que em silêncio, como uma chama que nunca se apaga.

E, por mais que possa parecer paradoxal, o amor antigo se torna cada vez mais intenso com o passar dos anos. Talvez seja porque ele é cultivado de maneira diferente, não através de gestos grandiosos ou presentes caros, mas através de pequenas ações cotidianas, que demonstram o cuidado e o carinho um pelo outro. Ou talvez seja porque, à medida que envelhecemos, aprendemos a valorizar o que é realmente importante na vida, e o amor antigo se torna um refúgio seguro e reconfortante em meio à incerteza do mundo.

De uma forma ou de outra, o amor antigo é algo para se aspirar. É um amor que transcende as limitações do tempo e do espaço, que é alimentado pela alma e que é capaz de nos acompanhar por toda a vida. Ele nos lembra que o amor verdadeiro não é algo que pode ser comprado ou negociado, mas sim algo que deve ser cultivado com paciência, dedicação e, acima de tudo, com amor.

Mauro Nascimento