Catolicismo de maneira inclusiva

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07 de abril – São João Batista de la Salle, presbítero, Fundador dos Irmãos das Escolas Cristãs

São João Batista de la Salle, Pierre Leger

Os professores de todos os tempos e lugares não poderiam ter um Padroeiro melhor que São João Batista de la Salle. O Papa Pio XII concedeu-lhe este título após 50 anos da sua Canonização. Pode ser que este Santo tenha obtido esta inspiração na própria família: o primogênito de 10 filhos, órfão de ambos os pais aos 21 anos, teve que cuidar dos irmãos, não obstante seus estudos no seminário. Isto, porém, não o impediu de emitir os votos religiosos e conseguir, brilhantemente, o doutorado em Teologia.

Vocação de ensinar

João Batista foi encarregado, pelo Arcebispo de Reims, de cuidar da educação dos jovens. Assim, conheceu Adriano Nyel, um leigo que dedicou a sua vida à escola popular. No entanto, percebeu, logo, que algo não estava certo: os professores eram mal preparados e pouco estimulados. Então, entendeu que devia agir: o ensino devia ser uma missão e os alunos mereciam professores instruídos.

Daí, olhou em torno de si, estudou o ambiente e descobriu os melhores métodos adotados nas escolas: alugou uma casa e foi morar com seus professores, que instruiu pessoalmente; ensinou-lhes que as lições não deviam ser mais individuais, mas coletivas. Assim, dividiu as lições em classes, dando prioridade à língua materna – o francês – ao invés do latim, para a leitura; prestou também atenção especial às necessidades morais, e não apenas culturais, dos professores.

Missão dos “irmãos” mais velhos

Os professores, que se aglomeravam em volta de João Batista, não eram apenas sacerdotes, embora a sua ideia fosse a de dedicar suas vidas totalmente aos alunos. Assim, ao renunciar ao matrimônio e à família, revestiu-os com uma batina preta, com uma espécie de babete branco, manto camponês e tamancos, oferecendo-lhes uma primeira Regra de Vida, que começou a escrever em 1685.

Após quase dez anos, foi eleito superior dos Irmãos das Escolas Cristãs, a Congregação que, mais tarde, fundou depois do primeiro experimento. O Instituto era completamente composto por professores masculinos, que permaneceram leigos, para que fossem capazes de instruir, não apenas na fé, mas no conhecimento e na profissão.

Com estes professores, João conseguir atingir algumas metas pedagógicas importantes: deu prioridade ao método simultâneo no ensino fundamental, gratuito nas suas escolas; organizou cursos noturnos e dominicais, para jovens trabalhadores, e inventou o ensino ancestral do moderno curso técnico, comercial e profissional.

Derrota da ignorância… e dos ignorantes

À medida que a Congregação crescia, se deparava também com muitas críticas: o fundador foi atacado pelo alto Clero de Paris, por alguns párocos, por autoridades civis, a ponto de ser obrigado a transferir tudo para a cidadezinha de Saint-Yon, perto de Rouen. João Batista reagiu aos ataques retirando-se em oração, isolamento penitencial, meditação e estudo. Ele foi acusado, pelos chamados “professores de rua”, de receber dinheiro dos seus alunos, gozar de privilégios, reservados às associações profissionais, e manter um grupo de professores, sem a devida autorização. Infâmias livres e gratuitas.

Em 1702, após uma visita canônica, João Batista foi deposto do cargo de superior. A tudo isso, ele reagiu, dizendo: “Se o nosso Instituto for obra humana, vai desaparecer; mas, se for obra de Deus, todo esforço para destruí-lo será inútil”.
Quando João Batista de la Salle faleceu, em 1719, sua Congregação contava 23 Casas e 10 mil alunos. Cerca de trinta mil pessoas participaram do seu enterro naquela cidadezinha, que lhe deu refúgio. Seus restos mortais foram transladados, em 1937, para a Casa geral do Instituto, em Roma.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 02 abr. 2024.

20 de março – São João Nepomuceno, presbítero e mártir de Praga

Imagem: Wikipedia

Duas histórias deste Santo e um final, com o martírio, que não muda, em nenhum dos casos. Sua segunda história, talvez, pouco nobre e cruel, é o pano de fundo da primeira, institucional e até brutal.

Qualquer que seja o índice de confiabilidade histórica de ambas, a figura deste jovem sacerdote resplandece nos dois lados da moeda. Este Santo é como aqueles que, dificilmente, nada se sabe – porque escolheram servir a Deus de modo imperceptível -, mas souberam demonstrar grande caráter e sólida coragem, quando se tratava de defender a Igreja e quando seus Sacramentos corriam perigo.

Luz na sombra

O jovem sacerdote, chamado João, era um boêmio de Nepomuk, lugar onde nasceu em 1330; segundo algumas fontes, ele nasceu por volta de 1345, mas manteve o nome de “Nepomuceno”, ao longo dos séculos.

A história principal narra que foi um homem intelectual – graduou-se em Direito Canônico, em Pádua, no ano 1387 – mas também era uma pessoa que não usava sua vocação para fazer carreira.

Foi pároco, exerceu vários encargos eclesiásticos e foi nomeado canônico da Catedral de São Víctor, mas sem seus benefícios decorrentes. No entanto, uma estrela brilhou, sobretudo, no escuro: em 1393, o arcebispo de Praga quis que aquele sacerdote fosse seu Vigário geral. Mesmo contra a sua vontade, João se destacou por seus méritos, entre os quais o de ser um brilhante pregador. Como tal, foi chamado à corte pelo rei Wenceslau IV. Tudo parecia perfeito, mas não era.

Contra o abuso de poder

Como todos os reis, Wenceslau também tinha seus planos. Em 1393, quando o mosteiro de Kladruby ficou vacante pela morte do abade, o monarca mandou transformá-lo em sede episcopal, onde colocar uma pessoa do seu agrado. João rebelou-se. Como especialista em Código Canônico, sabia que aceitar esta decisão equivaleria a uma grave violação da liberdade eclesial. Por isso, lutou para a eleição de um novo abade, confirmando-a canonicamente. O rei não se rebaixou e mandou prender João com outras três personalidades da Igreja. Diante das torturas, os outros cederam, mas João resistiu. Então, Venceslau mandou executá-lo.

Na noite de 20 de março de 1393, o sacerdote foi levado acorrentado até o rio Moldava, e jogado da ponte do rio adentro. A ideia era fazê-lo desaparecer às escondidas, mas, no dia seguinte, o corpo de João foi encontrado às margens do rio, circundado por uma luz extraordinária. A suspeita sobre quem havia mandado assassiná-lo correu de boca em boca, em um piscar de olhos.

Mártir do Sacramento

A outra história sobre a vida de João, a menos institucional, veio à luz após alguns anos, ou seja, 60 anos depois. A esposa de Wenceslau, a rainha Joana da Baviera, narrou que João foi seu confessor, um homem de grande profundidade espiritual. A rainha também tinha uma fé transparente; passava horas e horas em oração e, sobretudo, suportava com dignidade as contínuas traições do marido, que se dividia entre o álcool e as cortesãs. No entanto, como trágico paradoxo, era Wenceslau quem duvidava da lealdade da sua esposa. Primeiro, suspeitou de um seu relacionamento com João; depois, da existência de algum outro amante, que o confessor não podia não saber.

Certo dia, o rei mandou o sacerdote revelar-lhe as confidências da rainha, mas João se opôs por não violar o segredo da confissão. Seguiram-se novos pedidos e intimidações que não mudaram a atitude do sacerdote.

Verdade ou não, esta história também terminou como a primeira: João foi brutalmente jogado na correnteza do rio Moldava. Ainda hoje, entre o sexto e o sétimo pilar ao longo do rio há uma cruz, que recorda o sacrifício de um padre humilde e corajoso, lembrado como o mártir do sigilo sacramental.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 15 mar. 2024.

16 de março – São José Gabriel del Rosario Brochero, presbítero e missionário, primeiro santo argentino

José Gabriel del Rosario Brochero nasceu em 16 de março de 1840, em Santa Rosa de Río Primero, Córdoba.

Entrou no seminário maior de Córdoba em 5 de março de 1856, aos 16 anos. Um amigo escreveu: “muitas vezes ouvi Brochero falar que a constante preocupação de sua juventude foi o sacerdócio… Não sabia que vocação seguir: se a laical ou a sacerdotal… Seu espírito flutuava e seu coração sofria com esta indecisão. Um dia, dominado por esta preocupação, assistiu a um sermão no qual se descreveram as exigências e os sacrifícios de uma e da outra… e apenas concluiu escutá-lo, a dúvida já não atormentava sua alma, e ser sacerdote era para ela uma resolução inquebrantável” (Cárcano, Ramón J.).

Foi ordenado presbítero em 4 de novembro de 1866 por Dom Vicente Ramírez de Arellano. Em 10 de dezembro do mesmo ano celebra sua primeira Missa na capela do Colégio Seminário “Nuestra Señora de Loreto”, quando esta se encontrava na casa por detrás da Catedral, onde hoje se encontra a pracinha do Fundador.

Em dezembro de 1869 assume o Curado de São Alberto, sendo San Pedro a vila que fazia cabeceira naquele departamento. Por aquele tempo o extenso Curado de San Alberto (de 4.336 quilômetros quadrados) contava com pouco mais de 10.000 habitantes que viviam em lugares distantes, sem estradas e sem escolas, espalhados pelas Serras Grandes de mais de 2.000 metros de altura. Era triste o estado moral e a indigência material daquela gente. O coração apostólico de Brochero não desanima, senão que, desde o primeiro momento, dedicará sua vida inteira não somente a levar o Evangelho, senão, a educar e promover a seus habitantes.

No ano seguinte de sua chegada, começou a levar a homens e mulheres a Córdoba, para fazer os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, percorrendo uns 200 km, cruzando as serras. Ditas cujas travessias requeriam três dias no lombo de uma mula e as caravanas muitas vezes superam umas quinhentas pessoas. Mais de uma vez foram surpreendidos por fortes tormentas de neve.

Ao regressarem, após nove dias de silêncio, oração e penitência, seus as pessoas iam mudando de vida, seguindo o Evangelho e buscando o desenvolvimento econômico da região.

Em 1875, com a ajuda de seus paroquianos, começou a construção da Casa de Exercícios da então Villa del Transito (localidade que hoje leva seu nome). Foi inaugurada em 1877 com inscritos que superaram umas 700 pessoas, passando pela mesma, durante o ministério paroquial do Santo, mais de 40.000 pessoas. Também construiu a casa para as religiosas, o Colégio de meninas e a residência para os sacerdotes.

Com seus paroquianos construiu mais de 200km de caminhos e várias igrejas, fundou povoados e preocupou-se pela educação de todos. Solicitou perante as autoridades e obteve “mensagerias”, oficinas de correio e estafetas telegráficas. Projetou o ramal ferroviário que atravessaria o Vale de Traslasierra unindo Villa Dolores e Soto para retirar a seus queridos serranos do isolamento e pobreza em que se encontravam, “abandonados de todos, porém, não por Deus”, como gostava de repetir.

“Um sacerdote que viveu uma verdadeira paixão pelo Evangelho, que testemunhou e transmitiu em meio de uma considerável transformação cultural o nosso país depois dos acontecimentos de organização nacional. Sem ingenuidade, porém também sem ceder a lamentos ou enfrentamentos estéreis, dedicou-se com empenho e com espírito construtivo à maravilhosa tarefa de evangelização. De sua paixão pelo Evangelho brotava também sua paixão por seus irmãos e o desejo de brindar-lhes as condições de uma vida digna. Por isso trabalhou incansavelmente por levantar templos ou capelas, a casa de Exercícios Espirituais e a Villa del Transito, escolas e outras obras que asseguraram a todos uma existência que mereceria o título de humana e cristã” (Mons. Carlos Náñez, homilia da Missa Crismal de 01 de abril de 2010).

Poucos dias depois de sua morte, o diário católico de Córdoba escreve: “É sabido que o Cura Brochero contraiu a enfermidade que o levou à tumba porque visitava frequentemente e até abraçava a um leproso abandonado por aí”. Devido à sua enfermidade, renunciou ao Curado, vivendo uns anos com suas irmãs em seu povoado natal. Porém, respondendo à solicitude de seus antigos paroquianos, regressou à sua casa de Villa del Transito, morrendo leproso e cego no dia 26 de janeiro de 1914.

O processo de canonização iniciou-se na década de 1960. Foi declarado Venerável pelo Papa São João Paulo II em 2004. Foi beatificado na pequena localidade cordobesa de Villa Cura Brochero em 14 de setembro de 2013, logo após a comprovação sua intercessão milagrosa ante o menino Nicolás Flores , que esteve às portas da morte, com perda de massa óssea do crânio e de massa encefálica como resultado de um acidente automobilístico sofrido em Falda del Cañete (Córdoba).

A recuperação da menina Camila Brusotti, logo haver sido golpeada por sua mãe e seu padrasto e de sofrer um infarto massivo no hemisfério cerebral direito, foi considerada como um acontecimento extraordinário e inexplicável pela ciência médica por parte de uma junta composta por sete médicos e como um milagre por parte do tribunal eclesiástico de Roma. Segundo a Comissão Teológica, esse fato aconteceu pela intercessão de Brochero.

Em 22 de janeiro de 2016, o Papa Francisco assinou o decreto que confirma o segundo milagre. Sua canonização aconteceu no dia 16 de outubro de 2016.

Em carta enviada ao Arcebispo de Santa Fé e Presidente da Conferência Episcopal Argentina, D. José María Arancedo, o Papa Francisco expressou sua alegria com, na época, a beatificação do “Cura Brochero”. Ele afirmou (em 14 de Setembro de 2013):

“Gosto de imaginar hoje Brochero pároco em cima da sua mula com a franja branca (malacara), enquanto percorria as longas sendas áridas e desoladas dos 200km da sua paróquia, procurando de casa em casa os vossos bisavós e trisavós, para lhes pedir se necessitavam de algo e para os convidar a fazer os exercícios espirituais de santo Inácio de Loyola. Conheceu todos os cantos da sua paróquia. Não ficou nas sacristias a pentear as ovelhas do rebanho.

O Cura Brochero era uma visita do próprio Jesus a cada família. Levava consigo a imagem da Virgem, o livro de orações com a Palavra de Deus, o necessário para celebrar a Missa diária. Convidavam-no a beber mate, dialogavam e Brochero falava com eles de um modo que todos entendiam, porque lhe saía do coração, da fé e do amor que sentia por Jesus.

Aquela coragem apostólica de Brochero cheia de zelo missionário, aquele fervor do seu coração compassivo como o de Jesus que lhe fazia dizer: «Ai de mim se o diabo me roubar a alma!», levou-o a conquistar para Deus até pessoas de má fama e concidadãos difíceis. Contam-se milhares de homens e mulheres que, graças ao trabalho sacerdotal de Brochero, abandonaram vícios e desavenças. Todos recebiam os sacramentos durante os exercícios espirituais e, com eles, a força e a luz da fé para ser bons filhos de Deus, bons irmãos, bons pais e mães de família, numa grande comunidade de amigos comprometidos no bem de todos, que se respeitavam e ajudavam reciprocamente.

Numa beatificação, a atualidade pastoral é muito importante.

O Cura Brochero tem a atualidade do Evangelho, foi um pioneiro no deslocar-se até às periferias geográficas e existenciais para levar a todos o amor, a misericórdia de Deus. Não permaneceu fechado no escritório paroquial, desgastou-se nas suas viagens de mula e acabou adoecendo de lepra, por tanto ter procurado o povo como sacerdote de rua, da fé. Jesus quer precisamente isto hoje, discípulos missionários, «callejeros» da fé!

Brochero era um homem normal, frágil, como qualquer um de nós, mas conheceu o amor de Jesus, deixou-se forjar no coração pela misericórdia de Jesus. Soube sair do túnel «eu-me-meu-para mim», do egoísmo mesquinho que todos temos, vencendo a si mesmo, superando com a ajuda de Deus as forças interiores das quais o demónio se serve para nos acorrentar nas modalidades, na procura do prazer do momento, na pouca vontade de trabalhar. Brochero ouviu a chamada de Deus e escolheu o sacrifício de trabalhar para o seu Reino, para o bem comum que a dignidade enorme de cada pessoa merece como filha de Deus, e foi fiel até ao fim: continuava a rezar e a celebrar a missa até quando já era cego e tinha lepra.

Deixemos que o Cura Brochero entre hoje, com a mula e o resto, na casa do nosso coração e nos convide à oração, ao encontro com Jesus, que nos liberta dos vínculos para sair pelas estradas à procura do irmão, para tocar a carne de Cristo naquele que sofre e necessita do amor de Deus. Só assim poderemos saborear a alegria que o Cura Brochero experimentou, antecipação da felicidade da qual agora goza como beato no céu.

Peço ao Senhor que vos conceda esta graça, que vos abençoe, e rezo à Virgem Santa para vos proteger.”

Fonte: Franciscanos. Acesso em: 11 mar. 2024.

31 de janeiro – São João Bosco, presbítero, fundador dos salesianos, pai e mestre dos jovens

São João Bosco (© SDB)

João Bosco tinha um propósito firme e constante: levar o maior número de almas ao Paraíso! É que ele sempre cultivou em seu coração, colocando, acima de tudo, a salvação eterna dos que encontrava pelas ruas ou que batiam à sua porta. Seu zelo com as crianças de rua, pobres ou sem educação, exigia, paulatinamente, uma vida mais espiritual do que social.

O sonho premonitório

O fogo da caridade, que animava o sacerdote, era o desejo de amar o Deus Todo-Poderoso em quem encontrasse. “De mihi animas, coetera tolle” (“Dai-me as almas e pegai todo o resto”) era o lema que se destacava em seu quarto. Ele teve um sonho premonitório, quando tinha apenas nove anos de idade: “Estava circundado de jovens que blasfemavam”.

João Bosco tinha um temperamento impulsivo. Para que aqueles jovens parassem de blasfemar, ele os agredia com socos e chutes. Mas, Jesus lhe apareceu, por primeiro, e, depois, a Virgem convidando-o a ganhar “amigos”, “não com socos, mas com a mansidão e a caridade”: somente assim poderia levá-los a entender “sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude”.

Nascido em família pobre e dotado de grande inteligência

João Bosco nasceu em 16 de agosto de 1815 em uma família de camponeses, em Becchi, uma fração de Castel Nuovo de Asti; seu pai, Francesco, que havia se casado com Margarida Occhiena, em segundo casamento, morreu com apenas trinta e três anos, de pneumonia, quando João Bosco tinha só dois anos de idade.

Para a sua família, a estrada começou a se tornar íngreme: a notável inteligência de Joãozinho, que emergiu já em tenra idade, logo se defrontou com a hostilidade de seu meio-irmão Antônio, que achava uma perda de tempo ler livros. A arrogância do seu meio-irmão obrigou dona Margarida a mandar João sair de casa, encontrando-lhe um trabalho como garçom na Casa de Campo Moglia.

João Bosco havia apenas feito a sua Primeira Comunhão, mas já atraía em torno de si muitos coetâneos, aos quais falava de Jesus, com uma linguagem atraente, com jogos e acrobacias, que havia aprendido em circos.

A vivacidade intelectual do rapaz não passou despercebida, em 1829, pelo capelão de Murialdo, Padre João Calosso, que, antes de morrer repentinamente, lhe deu as primeiras lições de latim.

Somente assim, em 1831, João pôde retomar seus estudos e completar seus cursos, elementar e ginasial, em quatro anos. Para pagar as lições, trabalhava como alfaiate, garçom, estribeiro, carpinteiro, sapateiro, ferreiro.

Este estudante valoroso e de memória surpreendente, logo chamou a atenção de São José Cafasso, sacerdote que o encaminhou ao seminário.

Em 5 de junho de 1841, foi ordenado sacerdote, na Capela do Arcebispado de Turim. A seguir, transferindo-se para o Internato Eclesiástico da cidade, começou seu apostolado na vizinha igreja de São Francisco de Assis, onde se dedicou aos jovens mais pobres, que encontrava nas ruas, nas casas abandonadas e nas prisões, provenientes, muitas vezes, dos campos, incivilizados e desorientados pelo processo de industrialização.

Oratório e paixão pelos jovens

Em 8 de dezembro de 1844, inspirado por São Filipe Néri, fundou um Oratório, dedicado a São Francisco de Sales, cuja sede, a seguir, foi estabelecida em Valdocco.

Desta forma, Don Bosco dava início também à Congregação Salesiana, em prol da juventude; mais tarde, em 1872, junto com Santa Maria Domenica Mazzarello, fundou o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina.

Esta missão salesiana assumiu, logo, um carácter internacional: o Boletim Salesiano, hoje divulgado em 26 idiomas e em 135 países; a tradução dos seus textos de hagiografia e pedagogia, em várias línguas, enquanto o santo ainda vivia, sempre inspirados em uma abordagem educativa e jamais repressiva. O sacerdote era um promotor convicto da “boa imprensa católica”, que visava combater os efeitos funestos daquela imprensa “má”, que veiculava mentiras e heresias.

Formar cidadãos honestos e bons cristãos

Tantos compromissos católicos, espirituais, pastorais e sociais – além de uma incondicionada fidelidade ao Papa – não poderiam não criar, para o fundador dos Salesianos, inimizades, perseguições e ataques, em um período de governo liberal e maçônico.

No entanto, Don Bosco era tão estimado pela opinião pública, pela sua obra educativa, que, em várias ocasiões, foi escolhido como mediador entre o Estado e a Santa Sé.

A igreja do Sagrado Coração, em Roma, construída, a pedido do Papa Leão XIII, com a ajuda da Providência, tornou-se lugar de espiritualidade e âncora social para inúmeros jovens. “Formar cidadãos honestos e bons cristãos” foi a missão à qual o Santo se dedicou até à morte, ocorrida em 31 de janeiro de 1888.

Pio XI beatificou Don Bosco em 1929 e o canonizou em 1934. São João Paulo II, por ocasião do centenário da sua morte, o declarou “pai e mestre da juventude”.

Inúmeros jovens ainda frequentam a sua escola. A eles, Don Bosco recorda que “ser bom não consiste em não cometer erros, mas em ter vontade de se arrepender”. Trata-se de um caminho de santificação que, para usar as palavras de São Domingos Sávio, seu aluno, consiste em “ser felizes e no perfeito cumprimento dos próprios deveres”. Eis o “carisma da alegria” que o Papa Francisco admitiu ter aprendido, quando criança, ao frequentar a sexta série dos Salesianos na Argentina.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 29 jan. 2024.

12 de janeiro – Santo Antônio Maria Pucci, presbítero

Santo Antônio Maria Pucci, presbítero

“Não é preciso ter um vida longa, mas aproveitar a hora que Deus nos dá para cumprir nosso dever”. Certas inclinações são inatas, embora o ambiente em que se nasce e cresce possa influenciar muito.

Assim, Antônio Maria Pucci, que na infância era chamado Eustáquio, nasceu em uma família de camponeses, pobre de recursos, mas rica de fé. O menino tinha como passatempo preferido ajudar seu pai no cuidado da igreja, participar das funções e receber a Comunhão.

No período em que vivia no norte da Toscana, no século XIX, o jovem poderia ter sido uma ótima ajuda na lavoura, mas o Senhor o chamou e ele entrou para uma Ordem consagrada a Nossa Senhora: os Servos de Maria Santíssima.

“O pequeno pároco” de Maria

Ordenado sacerdote em 1843, Antônio Maria tornou-se Definidor Geral da sua comunidade, mas ele mais gostava de ser pároco na igreja de Santo André, em Viareggio, onde permaneceu por 48 anos.

Para todos, Padre Antônio Maria – nome que escolheu ao emitir seus votos – era o “pequeno cura”, sempre sorridente e, além do mais, sempre pronto a ajudar os outros.

Precursor das formas organizacionais, próprias da Ação Católica, criou, praticamente, uma associação para cada um de seus paroquianos, dando grande impulso ao compromisso dos leigos no seio da Igreja: para os jovens, fundou a Companhia de São Luís e a Congregação da Doutrina Cristã; para os homens, fundou a Companhia mariana de Nossa Senhora das Dores; para as mulheres, a Congregação das Mães Cristãs. Deu início também a uma Ordem religiosa feminina: as “Manteladas” de Viareggio, para a assistência das crianças enfermas.

“Parecia um anjo!”

Embora necessitasse de ajuda para manter as suas muitas obras, Antônio foi o primeiro a “arregaçar as mangas” e a ir de casa em casa, entre os pobres, para levar o que mais precisavam. Não guardava nada para si, nem roupas. Durante os dias, em que exercia seu ministério, que pareciam intermináveis, nunca se descuidava da oração: muitas vezes, seus paroquianos o viam êxtase, ficando suspenso ou caminhando sem pôs os pés no chão, tanto que muitos exclamam: “Parece um anjo”!

Assim era o Padre Antônio! Durante a epidemia de cólera, em 1854, tornou-se o anjo dos enfermos. A sua prática heroica de caridade, enfraqueceu seu físico, a ponto de ser acometido por uma pneumonia fulminante, em 1892, quando faleceu.

Antônio Maria Pucci foi beatificado por Pio XII, em 1952, e, dez anos depois, canonizado por São João XXIII.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 08 jan. 2024.

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Por Mauro Nascimento