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02 de dezembro – São Silvério, papa

São Silvério, papa, Basílica de São Paulo fora dos muros

A vida de Silvério é muito controvertida, desde o lugar do seu nascimento, que – segundo algumas fontes – é disputado entre Frosinone, cidade da qual, hoje, é o Santo padroeiro, e a vizinha Ceccano, onde, porém, não há sinais de sua veneração. Eleito – e não designado – como 58º Papa da Igreja de Roma, seu pontificado durou apenas um ano, por causa da eclosão da guerra grego-gótica, entre Constantinopla e os Ostrogodos, que perdurou por 18 anos.

Eleição controvertida

O Papa Agapito I faleceu em Constantinopla, em 22 de abril de 536. Com a sua morte, deu-se início à corrida para a sua sucessão. Entre o descontentamento de muitos, foi eleito o Papa Silvério, que na época era apenas um subdiácono, um ofício religioso considerado muito baixo para ter acesso direto ao trono de Pedro. Porém, o rei ostrogodo Teodato – que ameaçou domar com a força uma eventual revolta – impôs a sua eleição. Desta forma, a nobreza e o resto do clero tiveram que aceitar, para não piorar a situação. Entretanto, uma das maiores opositoras de Silvério foi Teodora, esposa do imperador oriental Justiniano, partidária dos Monofisistas, que já havia escolhido como sucessor de Agapito seu pupilo, Virgílio.

Heresia monofisista

O Monofisismo era uma doutrina teológica, desenvolvida, por volta do ano 400, pelo arquimandrita Eutíquio, em um mosteiro de Constantinopla. Na prática, esta doutrina negava a natureza divina de Cristo, que, no seu parecer, se “perdeu” com a Encarnação: afirmava como “única” a natureza divina de Jesus. Por isso, o Concílio de Calcedônia, em 451, a condenou como herética. Não obstante, conseguiu encontrar prosélitos, por volta dos séculos V e VI, causando a separação de Roma das Igrejas Copta, Armênia e Jacobita da Síria.

Conspiração do Oriente

Enquanto isso, do ponto de vista político, a situação se complicava na península italiana, que, na época, era disputada precisamente entre Constantinopla e os invasores Godos. A pagar o preço foram a esfera religiosa e o pontificado de Silvério. O imperador Justiniano declarou guerra contra os Ostrogodos, enviando seu melhor general, Belizário: avançando do sul, conseguiu chegar a Roma e reabilitar, em Ravena, Vitiges, o novo rei ostrogodo que, no entanto, havia sucedido a Teodato. Neste contexto, Teodora continuava a travar a sua batalha pessoal contra Silvério, tentando abrandar suas posições em favor do Monofisismo. Porém, não conseguindo, tramou um complô contra ele: com uma carta falsa, afirmava que o Papa havia permitido a entrada dos Godos em Roma para libertá-la dos Bizantinos. Não podendo desculpar-se, Silvério foi despojado de suas vestes papais e, vestido como monge, foi levado para Constantinopla. Nem o imperador Justiniano conseguiu ajudá-lo e foi deportado para Patara, na Lícia. Em seu lugar, Virgílio tornou-se Papa, mas não foi hostil ao monofisismo.

Exílio na ilha de Palmarola

Quando o Bispo de Patara apresentou ao imperador as provas irrefutáveis da inocência de Silvério, Justiniano foi obrigado a libertá-lo e mandá-lo de volta para Roma. Porém, Virgílio, para se defender, obrigou o general Belizário a prender Silvério e deportá-lo para a ilha das Pontinas, em Palmarola. Ali, na tentativa de pôr fim ao cisma entre as Igrejas, Silvério decidiu abdicar e, após cerca de um mês, no dia 2 de dezembro, faleceu. Seus restos mortais, ao contrário de como se usava fazer com os Papas, permaneceram em Palmarola, onde é venerado no dia 20 de junho, dia da sua chegada à ilha.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 04 dez. 2023.

23 de novembro – São Clemente I, papa e mártir: suas relíquias são venerada na igreja com seu nome

Conhecido como Clemente Romano, foi o quarto Papa, do ano 88 a 97. É chamado “Padre Apostólico”, por sua Carta aos Coríntios, para restabelecer a paz, considerada um dos documentos mais antigos sobre o exercício da primazia do Papa. Segundo uma tradição do século IV, Constantino foi martirizado.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 21 nov. 2023.

10 de novembro – São Leão Magno, papa e doutor da Igreja

São Leão Magno, Basílica de São Paulo Extramuros

No ano 452 d.C., a península italiana tremia diante dos Hunos, liderados por Átila. Grande parte do norte já havia caído nas garras do invasor. As cidades de Aquileia, Pádua e Milão tinham sido conquistadas, saqueadas e arrasadas. Átila avançava na sua continua corrida e se encontrava perto de Mântua, no rio Mincio. Ali, a história se detém e se forma.
Leão Magno, eleito Papa doze anos antes, guiou uma delegação de Roma para se encontrar com Átila, o qual dissuadiu a continuar a guerra de invasão.

A lenda – retomada depois por Raphael, nos afrescos das “Salas do Vaticano” – narra que o líder dos hunos se retirou após ter visto aparecer, atrás de Leão, os Apóstolos Pedro e Paulo, armados de espadas.

Três anos depois, em 455, foi ainda o “Papa Magno”, embora desarmado, a deter, às portas de Roma, os Vândalos da África, guiados pelo rei Genserico. Graças à sua intervenção, a cidade foi saqueada, mas não incendiada. Permaneceram intactas as Basílicas de São Pedro, de São Paulo fora dos Muros e de São João em Latrão, nas quais a população encontrou abrigo e se salvou.

“Pedro falou pela boca de Leão”

A vida de Leão, porém, não consistiu apenas no seu compromisso com a paz, que levou adiante com coragem e sem cessar. O Pontífice dedicou-se muito também à defesa da doutrina. Foi ele que, de fato, inspirou o Concílio Ecumênico de Calcedônia – atual Kadiköy, na Turquia -, que reconheceu e afirmou a unidade de duas naturezas em Cristo: humana e divina; rejeitou a “heresia de Eutiques”, que negava a essência humana do Filho de Deus. A intervenção de Leão no Concílio foi feita através de um texto doutrinal fundamental: o “Tomo de Leão” contra Flaviano, bispo de Constantinopla. O documento foi lido publicamente aos 350 Padres conciliares, que o acolheram por aclamação, afirmando: “Pedro falou pela boca de Leão, que ensinou segundo a piedade e a verdade”.

Teólogo e pastor

Sustentador e promotor da Primazia de Roma, o “Pontífice Magno” deixou para a história quase 100 sermões e cerca de 150 cartas, nos quais demonstra ser teólogo e pastor, zeloso com a comunhão entre as várias Igrejas, sem jamais esquecer as necessidades dos fiéis. De fato, foi para eles que incentivou as obras de caridade em uma Roma dominada pela escassez, pobreza, injustiças e superstições pagãs; colocou em prática todas as ações necessárias – lê-se em seus escritos – para manter constantemente a justiça e “oferecer amorosamente a clemência, porque sem Cristo nada podemos fazer, mas com Ele tudo é possível”.

O 45º Papa da história

Natural da Toscana, tornou-se diácono da Igreja de Roma, por volta do ano 430; dez anos depois, Leão foi enviado pela imperatriz Plácida para pacificar a Gália, disputada pelo general Aécio e o prefeito pretoriano Albino. Após alguns meses, faleceu o Papa Sisto III. Leão, seu conselheiro, foi o Sucessor. Sua consagração como Pontífice – o 45º da história – ocorreu em 29 de setembro de 440.

Um Pontificado de “primazias”

Seu Pontificado, que durou vinte e um anos, colecionou várias primazias: foi o primeiro Bispo de Roma a ser chamado Leão; o primeiro Sucessor de Pedro a ser chamado “Magno”; o primeiro Papa, que por sua pregação, foi também um dos dois únicos Papas – o outro foi Gregório Magno – a receber, em 1754, por desejo do Papa Bento XIV, o título de “Doutor da Igreja”.

A morte de Leão Magno ocorreu em 10 de novembro de 461. Segundo alguns historiadores, ele foi também o primeiro Papa a ser sepultado na Basílica Vaticana. Suas relíquias, ainda hoje, são conservadas na Capela de “Nossa Senhora do Pilar, na Basílica de São Pedro”.

Fonte: Vatican News. Acesso em: 08 nov. 2023.

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Por Mauro Nascimento