“[…] Digo-vos sinceramente que receio a rigidez, tenho medo. Fuja dos sacerdotes rígidos! Eles Mordem. Vem-me ao pensamento aquela expressão de santo Ambrósio, do século IV: «Onde há misericórdia há o espírito do Senhor; onde há rigidez há apenas os seus ministros». O ministro sem o Senhor torna-se rígido, e este é um perigo para o povo de Deus. Pastores, não funcionários” (Papa Francisco, 20/11/2015).
Desde os tempos mais remotos, o papel dos líderes religiosos tem sido fundamental na formação das sociedades e na orientação espiritual das pessoas. Ao longo dos séculos, esses líderes têm desempenhado um papel crucial na transmissão de valores e crenças, e, muitas vezes, na promoção da paz e da harmonia entre os povos.
No entanto, nem todos os líderes religiosos têm desempenhado esse papel de forma saudável e construtiva. Infelizmente, existem aqueles que se aproveitam de sua posição para impor suas crenças e valores, muitas vezes com base no medo e na intimidação.
Um exemplo disso são os padres que enxergam pecados em tudo e que, mais do que isso, acusam e ameaçam os fiéis com o inferno caso não cumpram certos mandamentos ou regras. Esse tipo de pregação é extremamente danosa, pois se baseia no medo, na culpa e na vergonha, e não na misericórdia e no amor que Deus nos ensina.
É importante lembrar que, segundo as Escrituras, Deus é sumamente bom e infinitamente misericordioso. Ele não nos criou para nos punir, mas sim para nos amar e nos guiar em nossa jornada espiritual. Por isso, a ideia de um Deus que exige sacrifícios ou castigos é uma distorção da verdadeira natureza divina.
Infelizmente, essa visão distorcida de Deus tem sido usada ao longo da história para justificar todo tipo de violência e opressão, desde as Cruzadas medievais até a Inquisição espanhola. Hoje, ela ainda persiste em certas correntes religiosas que pregam a exclusão e a intolerância em nome da “verdadeira fé”.
Diante disso, é preciso ter muito cuidado com os líderes religiosos que se baseiam no medo e na intimidação para impor suas crenças. É importante lembrar que, em última análise, somos todos responsáveis por nossa própria jornada espiritual, e que ninguém pode nos dizer o que é certo ou errado em termos absolutos.
Portanto, ao escolher um líder espiritual, é importante buscar aqueles que promovam a compaixão, a misericórdia e o amor incondicional, em vez do medo e da culpa. Somente assim poderemos encontrar o verdadeiro caminho para a paz interior e para uma relação autêntica com o divino.
Mauro Nascimento