No discurso citado, o Papa Francisco ressalta uma visão essencial para compreender a verdadeira essência da Igreja. Ele desafia a concepção equivocada de que a Igreja é constituída apenas por seus líderes hierárquicos, como o papa, bispos e sacerdotes, enquanto o restante dos fiéis são apenas “operários”. O Papa nos lembra que essa ideia está equivocada e que a Igreja é formada por todos os seus membros, sem distinção.

Ao afirmar que a Igreja somos todos nós, o Papa Francisco destaca a importância da participação ativa e responsável de cada pessoa na comunidade eclesiástica. Todos os membros têm a responsabilidade de cuidar uns dos outros e de buscar a santificação mútua. Não é apenas uma questão de uma hierarquia que comanda e dos fiéis que obedecem, mas sim de uma comunhão de pessoas que compartilham uma fé comum.

“Algumas pessoas pensam que a Igreja tem patrões: o papa, os bispos, os sacerdotes e os operários, que são os demais. Não! A Igreja somos todos nós e todos temos a responsabilidade de santificar uns aos outros, cuidar dos outros. A Igreja somos nós. Cada um tem o seu trabalho, mas a Igreja somos todos nós” (Papa Francisco, 06/06/2018).

Essa visão holística da Igreja nos leva a refletir sobre o papel de cada indivíduo dentro dela. Independentemente de ocuparmos diferentes funções ou posições, cada um tem um trabalho a fazer para contribuir com a edificação da comunidade cristã. Não devemos nos limitar a esperar que os líderes hierárquicos sejam os únicos responsáveis pela missão da Igreja. Em vez disso, devemos reconhecer que cada um de nós desempenha um papel crucial nessa missão, independentemente de sua posição ou status.

Essa compreensão nos convida a refletir sobre a maneira como nos relacionamos com a Igreja e com os outros membros da comunidade. Devemos nos perguntar se estamos verdadeiramente engajados e comprometidos em buscar o bem-estar dos outros, em cuidar uns dos outros e em promover a santificação mútua. Estamos dispostos a assumir a responsabilidade pela vida da comunidade e contribuir com nossos dons e talentos para o bem comum?

Essa mensagem também desafia qualquer forma de exclusão ou elitismo dentro da Igreja. Não importa nossa posição social, nossa formação acadêmica ou nossa condição econômica, todos somos membros igualmente importantes da Igreja. Todos temos algo a oferecer e a receber uns dos outros. A diversidade e a unidade são características intrínsecas da Igreja, e cada um de nós tem um papel vital a desempenhar nesse contexto.

Portanto, a frase do Papa Francisco nos convida a uma reflexão profunda sobre a verdadeira natureza da Igreja. Ela nos desafia a abandonar qualquer visão hierárquica restrita e a abraçar uma mentalidade de participação ativa e responsabilidade mútua. Somente quando nos reconhecemos como membros ativos da Igreja, cada um com sua missão específica, poderemos fortalecer a comunidade cristã e testemunhar o amor de Deus ao mundo.

Mauro Nascimento