Jorge Luis Borges, um dos mais importantes escritores do século XX, deixou uma frase que pode ser interpretada de muitas maneiras: “Eu não falo de vingança nem de perdão, o esquecimento é a única vingança e o único perdão”. Tal frase nos convida a pensar sobre a importância do esquecimento em nossas vidas e sobre a natureza da vingança e do perdão.

Muitas vezes, quando alguém nos machuca, a primeira reação é querer se vingar. Sentimos a necessidade de fazer com que a outra pessoa sinta a mesma dor que nos causou. No entanto, a vingança nunca nos traz a paz que buscamos. Na verdade, ela muitas vezes acaba nos tornando tão ruins quanto aqueles que nos machucaram. Por outro lado, perdoar nem sempre é fácil, mas é necessário para seguir em frente. No entanto, o perdão nem sempre significa esquecer completamente o que aconteceu.

Borges propõe uma terceira opção: o esquecimento. Quando esquecemos o que nos foi feito, deixamos de sentir a dor que nos machucou e, consequentemente, não sentimos a necessidade de buscar vingança. Além disso, o esquecimento pode ser um verdadeiro perdão, pois nos permite deixar o passado para trás e seguir em frente sem o peso do rancor e do ressentimento.

No entanto, o esquecimento também pode ser perigoso. Quando esquecemos o que nos foi feito, corremos o risco de permitir que a mesma pessoa nos machuque novamente. Por isso, é importante encontrar um equilíbrio entre o esquecimento e a lembrança, entre o perdão e a justiça. Às vezes, a justiça é necessária para evitar que outras pessoas sofram o mesmo que nós sofremos.

Em suma, a frase de Borges nos convida a pensar sobre a natureza humana e sobre como podemos lidar com as dificuldades da vida. Nem sempre é fácil perdoar, e não é certo buscar vingança. Mas talvez a melhor forma de seguir em frente seja encontrar um caminho entre esses extremos, onde possamos lembrar do passado sem sermos dominados por ele e encontrar a paz sem abrir mão da justiça. O esquecimento pode ser uma ferramenta útil nesse caminho, mas precisamos usá-lo com sabedoria.

Mauro Nascimento